Revista Mineração | Edição 59

revistamineracao.com.br

Potencial

Terras raras

do Brasil atraem

atenção do mundo

Em alerta

Siderurgia

enfrenta tarifas

e competição

desleal

Entrevista

Exclusiva com Rafael

Bittar, vice-presidente

Executivo Técnico

da Vale

Edição 59 . Ano 13

Julho e Agosto de 2025

Parcerias entre grandes empresas do setor

garantem operações mais limpas e descarbonizadas

POR UM BEM MAIOR

e-Digital

Edição

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Divulgação | MRS

CLIQUE

FAZENDA PARA

REFLORESTAMENTO

Com um investimento de R$

3,3 milhões, a MRS Logística

anunciou a aquisição da Fazenda

Paraíso, localizada em Juiz de

Fora (MG), para a recomposição

da vegetação nativa da Mata

Atlântica, como parte das ações

de compensação ambiental

conduzidas pela empresa. A área

tem, aproximadamente, 150

hectares, o equivalente a cerca de

200 campos de futebol. As mudas

que serão plantadas na Fazenda

Paraíso são espécies originárias da

Mata Atlântica. A fauna e a flora da

região serão monitoradas ao longo

dos próximos anos, assim como os

cursos d’água presentes na área,

garantindo o acompanhamento

do desenvolvimento da vegetação,

estabilidade do solo e o aumento

da biodiversidade local.

Não são de responsabilidade

da revista os artigos de opinião e

conteúdos de informes publicitários.

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des sociais. Impressa: 8 mil exemplares

para 16 estados brasileiros.

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Publicação dirigida aos setores mineral,

siderúrgico e energético, com foco

especial em mineradoras e siderúrgicas

de grande, médio e pequeno porte,

além de fornecedores, consultorias,

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Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará - Salmos 37:5

Diretor-geral

Wilian Leles

MTB  12.808/MG

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Revisão

André Martins | MTB  21.455/MG

Redação

André Martins

Daniela Maciel

Valquiria Lopes

redacao@revistamineracao.com.br

Diagramação

Mariana Aarestrup

Foto da capa | Projeto Sol do

Cerrado | Crédito: José Palma

e-Digital

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

Em um mundo cada vez mais pressionado por

mudanças climáticas, tensões geopolíticas e eco-

nômicas e exigências sociais crescentes, o setor

mineral brasileiro se encontra diante de um cená-

rio complexo, marcado por desafios, mas também

grandes oportunidades.

Em entrevista exclusiva à Revista Mineração & Sus-

tentabilidade, o vice-presidente Executivo Técnico

da Vale, Rafael Bittar, aborda o presente e as pers-

pectivas de futuro da maior empresa de mineração

do país. O executivo fala abertamente sobre assun-

tos delicados, como o processo de descomissiona-

mento de barragens, as ações de descarbonização

da empresa e cita investimentos da companhia a

fim de se adequar às demandas do mercado.

Os Elementos Terras Raras e sua importância cen-

tral para o futuro da economia mundial é outro as-

sunto desta edição. Processar tais elementos não é

das tarefas a mais fácil, no entanto o grande valor

agregado das substâncias – utilizadas em diversas

aplicações tecnológicas – tem instigado empresas e

centros de pesquisa mundo a fora a desenvolverem

técnicas de beneficiamento. É o caso do Serviço Ge-

ológico do Brasil (SGB). O valor dos ETR é tamanho

que, possivelmente, o acesso a eles por parte dos

Estados Unidos, de alguma forma, possa ser a cha-

ve para a revisão das tarifas impostas ao Brasil.

Em outra reportagem, as parcerias entre Casa dos

Ventos, ArcelorMIttal e Vale ganham destaque.

Além de o Brasil contar com uma das matrizes

energéticas mais limpas do mundo, empresas têm

colocado grandes esforços na missão de zerarem

suas emissões, agregando valor e sustentabilida-

des às suas operações.

Por fim, a edição traz a situação da indústria side-

rúrgica a partir das tarifas de Trump e a concor-

rência desleal com a China, que tem inundado o

mercado brasileiro de aço, prejudicando os pro-

dutores nacionais. Isso, segundo executivos, à re-

veria do governo, que pouco tem feito diante das

agressivas estratégias comerciais chinesas.

O futuro da mineração será, inevitavelmente, mar-

cado pela sustentabilidade e pela capacidade de

inovar. O setor que souber se adaptar a esse novo

paradigma não apenas sobreviverá às crises, mas

terá papel central na construção de uma econo-

mia de baixo carbono.

Que esta leitura inspire reflexões e ações concre-

tas rumo a uma mineração mais eficiente, limpa e

integrada ao bem-estar coletivo. Boa leitura!

Com mais de 22 anos de experiência no jornalismo

e no mercado publicitário, é o fundador e diretor-

-geral da Revista Mineração & Sustentabilidade,

no cenário nacional desde 2011. Também é o

fundador e diretor da TV Mineração, canal digital

no Youtube lançado em setembro de 2024.

WILIAN LELES

EDITORIAL

Wilian Leles

e-Digital

Um setor em

transformação

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

Informações: https://ibram.org.

br/ibram-principais-eventos/

EXPOSIBRAM 2025

A exposição e o congresso reú-

nem especialistas, entidades e

empresas, tornando-se a maior vi-

trine para a geração de negócios

do setor nacional e internacional.

28 a 30 de outubro de 2025

C. Convenções, Salvador, BA

Geração de valor

Rafael Bittar, da Vale, detalha projetos que podem

projetar empresa a líder em sustentabilidade no país

SUMÁRIO

revistamineracao.com.br

Julho e Agosto de 2025

Edição 59 . Ano 13

10

Balanço semestral

A performance da indústria mineral no primeiro semestre de 2025

Energia hídrica

O audacioso plano da China para construir a maior hidrelétrica do mundo

Terras raras

Grandes reservas abrem janela de oportunidades para o Brasil

16

36

20

7 Panorama

10 Entrevista

16 Mercado

20 Mercado

26 Artigo

28 Especial

36 Internacional

40 Siderurgia

48 Artigo

Divulgação | Vale

Siderurgia

em alerta

Taxações e

concorrência

com aço chinês

preocupam setor

Energia

Renovável

Empresas

investem alto

para se tornarem

carbono zero

28

40

Divulgação | Gerdau

Duda Bairros

Seções

Agenda de Eventos

Informações: https://ibram.org.

br/ibram-principais-eventos/

CBMINA 2025

Fórum constituído de conferência

magna, plenárias, sessões técnicas,

workshop, debates, apresentação

e premiação de trabalhos técnicos

relativos à mineração.

26 a 28 de agosto de 2025

Ouro Preto (MG)

AGENDA

e-Digital

Informações: https://congresso-

acobrasil.org.br/

AÇOBRASIL 2025

Encontro reunirá os principais sta-

keholders da indústria do aço, além

de especialistas e lideranças para

debater as perspectivas do setor e

sua importância para o país.

26 e 27 de agosto de 2025

Hotel Unique, São Paulo, SP

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

Rejeitos

ARCELORMITTAL INICIA

DESCARACTERIZAÇÃO DE BARRAGEM

A ArcelorMittal dará início à descaracterização da barragem da

Mina de Serra Azul, localizada em Itatiaiuçu (MG), após a ob-

tenção da licença ambiental. Com a conclusão das obras da Es-

trutura de Contenção a Jusante (ECJ), uma grande barreira capaz

de reter todo o rejeito da barragem na hipótese de rompimento,

foi possível restabelecer a licença, atendendo aos requisitos exi-

gidos pela legislação ambiental. Concluída em agosto, a ECJ é

uma obra de alta complexidade de engenharia e fundamental

para o início da descaracterização da barragem, que consiste na

retirada de todo o material contido em seu interior e o reproces-

samento do rejeito. A conclusão da descaracterização da barra-

gem está prevista para o segundo semestre de 2032.

Divulgação | ArcelorMittal

PANORAMA

e-Digital

Aquisição

CADE APROVA NEGOCIAÇÃO

ENTRE GERDAU E GRUPO AVANTE

PANORAMA

William Dias | ALMG

FIM DA RECUPERAÇÃO

JUDICIAL DA SAMARCO

Recuperação

Prestes a completar 48 anos, em setembro, a Samarco anunciou o

fim do processo de recuperação judicial, encerrado por determina-

ção do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A finalização

ocorre após a reestruturação de passivos superiores a R$ 50 bilhões

perante aproximadamente 10 mil credores. Segundo a empresa, a

conclusão da recuperação judicial permite o reequilíbrio econômi-

co-financeiro e a consolidação de bases sustentáveis para o cres-

cimento da Samarco, além do cumprimento das obrigações pre-

vistas no Novo Acordo do Rio Doce. Com a retomada gradual das

operações, a empresa prevê atingir 100% de sua capacidade pro-

dutiva até 2028. O presidente da mineradora, Rodrigo Vilela (foto),

afirma que, no processo, a empresa conseguiu preservar a capaci-

dade operacional e a função social, cumprindo com as obrigações

de reparação, mantendo e criando empregos, gerando impostos e

tributos e compartilhando valor com a sociedade.

A venda da Mina Várzea do Lopes pela Gerdau ao Gru-

po Avante foi aprovada sem restrições pelo Conselho

Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na tran-

sação estão incluídos os direitos minerários da unidade e

de áreas adjacentes. Com a saída do ativo, a Gerdau deve

direcionar os R$ 3,2 bilhões para as atividades próprias de

mineração na Mina de Miguel Burnier, em Ouro Preto

(MG), que abastece a usina de Ouro Branco. A previsão

da empresa é de ampliar em 5,5 milhões de toneladas a

capacidade anual de produção. Além de assumir a produ-

ção de minério de ferro em Itabirito (MG), a Avante tam-

bém ficará responsável por toda a operação.

Pedro Vilela

e-Digital

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

Exportação

ANGLO AMERICAN E FERROPORT ALCANÇAM

200 MILHÕES DE TONELADAS EMBARCADAS

A mineradora Anglo American e a Ferroport, operadora do terminal de minério de ferro no Porto do

Açu, no Norte do Rio de Janeiro, anunciaram a celebração de um marco histórico: o embarque de 200

milhões de toneladas de minério de ferro. O navio Canary, que completou a marca, é do tipo capesize

e foi totalmente carregado durante um dia, com o processo sendo encerrado em 1º de agosto. Com o

carregamento do Canary, foram totalizados 1.234 navios embarcados desde o início das operações, em

outubro de 2014. Segundo as empresas, o número expressivo evidencia a eficiência logística e a consis-

tência operacional consolidadas ao longo de uma década de atuação da Anglo American com o Siste-

ma Minas-Rio, e da Ferroport, no terminal do Porto do Açu. Neste ano, a expectativa é atingir entre 22

e 24 milhões de toneladas de minério de ferro movimentadas, mantendo um ritmo forte de embarques.

Até o momento, 87 navios já foram operados pela empresa este ano. A Ferroport opera 24 horas por dia,

365 dias por ano, com capacidade nominal de 10 mil toneladas de carga embarcada por hora.

Divulgação | Ferroport

e-Digital

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

e-Digital

Divulgação | Vale

e-Digital

RESSIGNIFICAR

PARA LIDERAR

Wilian Leles

Revista Mineração & Sustentabilidade | Janeiro e Fevereiro de 2024

10

ENTREVISTA

RAFAEL BITTAR

Rafael Bittar, vice-presidente Executivo Técnico da Vale

apresenta ações que preparam a companhia para um futuro

da mineração mais tecnológico, sustentável e transparente

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

10

e-Digital

e-Digital

mineração vive um momento de in-

flexão. Diante de pressões globais por

sustentabilidade, maior segurança

operacional e redução das emissões de carbo-

no, empresas do setor têm sido desafiadas a re-

pensar processos, investir em inovação e adotar

uma postura mais proativa frente às expectati-

vas da sociedade.

No Brasil, poucos temas ilustram melhor essa

transformação do que o descomissionamen-

to de barragens a montante – estruturas que,

historicamente, marcaram a indústria, mas que

agora representam uma das frentes mais sensí-

veis e complexas do ponto de vista técnico, am-

biental e reputacional.

A Vale, uma das principais mineradoras do mun-

do, está à frente desse processo, tendo assumido,

desde 2019, o compromisso de descaracterizar

todas as suas barragens a montante, ao mesmo

tempo em que acelera uma agenda ampla de des-

carbonização, inovação tecnológica e reaproveita-

mento de materiais.

Em entrevista exclusiva à Revista Mineração &

Sustentabilidade, o vice-presidente Executivo Téc-

nico da Vale, Rafael Bittar, detalha os principais

avanços no processo de descaracterização das es-

truturas a montante, comenta os desafios associa-

dos à gestão de pilhas de estéril e destaca as tec-

nologias que estão permitindo à empresa atuar de

forma mais segura, eficiente e sustentável.

Bittar também compartilha a visão da Vale para

o futuro da mineração, as parcerias com startups

e os investimentos voltados a minerais estratégi-

cos, como níquel e cobre, essenciais para a tran-

sição energética global.

Uma conversa que oferece um panorama

abrangente sobre como a Vale está redese-

nhando sua atuação para liderar a mineração

do futuro. Confira!

Mineração & Sustentabilidade – O descomis-

sionamento de barragens a montante tem

sido um dos principais desafios das empresas

de mineração atuantes no país. Quais são as

maiores complexidades quanto à descaracte-

rização das estruturas da Vale?

Rafael Bittar – A descaracterização das barragens

a montante, além de ser uma exigência legal, é um

compromisso prioritário para a Vale desde 2019.

Devido à complexidade de algumas estruturas, a

empresa começou a procurar tecnologias que per-

mitissem o acesso remoto para que as obras fos-

sem realizadas com a segurança em primeiro lugar.

O desenvolvimento dessas tecnologias foi feito

em parceria com fornecedores, e chegar a esse

modelo de trabalho, com a implementação de

uma série de inovações tecnológicas, foi um

avanço fundamental para reduzir a exposição

ao risco das nossas equipes e fazer obras cada

vez mais seguras com relação ao meio ambiente

e com um nível de inovação que até então não

existia na indústria.

M&S – Quais inovações têm se destacado nes-

se processo?

RB – A partir da tecnologia desenvolvida junto

aos fornecedores, nós criamos um ambiente –

o Centro de Operações Remotas, em Belo Ho-

rizonte – onde os profissionais são treinados e

capacitados para operar e controlar os equipa-

mentos à distância. Então algumas das nossas

e-Digital

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

11

obras são feitas a quilômetros de distância e os

operadores controlam os equipamentos com

câmeras e joysticks.

Desenvolvemos o acesso remoto para equipa-

mentos que a gente chama de linha amarela, que

são tratores e caminhões de menor porte. É algo

inédito no mundo. Temos, inclusive, apresentado

essa experiência em congressos, conferências,

mostrando esse exemplo da Vale, que é feito aqui

no Brasil, como inspiração

para outras empresas. Uma

operação nessa escala, com

esse nível de tecnologia e

inovação, para remoção de

rejeitos em barragens é, de

fato, inédita no mundo.

M&S – O descomissiona-

mento tem impacto direto

na imagem institucional

da Vale. Que papel a repu-

tação tem na definição de

metas, prazos e comunica-

ção sobre esse tema?

RB – A Vale trabalha para

cumprir integralmente os

prazos e metas definidos pela legislação e pelos

órgãos fiscalizadores e sabe, obviamente, da im-

portância disso para a sua imagem. A prioridade,

no entanto, é que as obras sejam feitas em abso-

luta segurança, tanto para as comunidades pró-

ximas às barragens quanto para o meio ambien-

te e para os nossos empregados. Como algumas

estruturas são bastante complexas, as soluções

são customizadas para cada uma delas e estão

sendo realizadas com o máximo de cuidado e

com a melhor engenharia disponível.

M&S – Saem as barragens e entram as pilhas

de estéril. Quais cuidados a Vale tem tomado

a fim de evitar que a substituição do método

de armazenamento de rejeitos não se torne

um outro desafio?

RB – Atualmente, em torno de 70% da produção

da Vale já é realizada a seco (umidade natural) e

não gera rejeitos, dispensando o uso de barragens

para esta finalidade. Do restante, que ainda gera

rejeitos, 80% do material é filtrado para ser dispos-

to e compactado em pilhas, em estado sólido. O

empilhamento é um processo

que já temos feito com suces-

so nos últimos anos e com alto

nível de controle. As pilhas são

estruturas geotécnicas e tam-

bém seguem normas rigorosas

de segurança e gestão.

Essas estruturas são dotadas

de sistemas de drenagem, pos-

suem instrumentos de monito-

ramento e passam por inspe-

ções e manutenções periódicas

para conservação da estabilida-

de e de suas condições de segu-

rança. Além disso, a Vale imple-

mentou uma metodologia de

avaliação e gestão de riscos, e as

estruturas também são avaliadas constantemente

por equipe técnica externa especializada.

M&S– Quanto à descarbonização, outro

tema recorrente para mineradoras, como a

Vale tem performado nesse aspecto e quais

as tecnologias-chave têm sido empregadas

a fim de cumprir os compromissos firmados

pela companhia?

RB – Em nossas operações, buscamos alterna-

tivas aos combustíveis fósseis nos processos de

mineração, transporte ferroviário e pelotização.

Como exemplo, podemos citar dois acordos

ENTREVISTA

RAFAEL BITTAR

e-Digital

A prioridade é que

as obras sejam feitas em

absoluta segurança, tanto

para as comunidades

próximas às barragens

quanto para o meio

ambiente e para os

nossos empregados

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

12

e-Digital

Divulgação | Vale

Vale tem

compromissos com

uma mineração mais

limpa, inovadora e

resiliente, capaz de

contribuir de forma

estratégica para a

descarbonização da

economia.

com fornecedores internacionais para o desen-

volvimento de caminhões fora de estrada com

tecnologia dual fuel, movidos a etanol e diesel.

Um dos acordos prevê uma redução de até 70%

nas emissões diretas de CO₂. Também estamos

testando o aumento da proporção de biodiesel

na mistura de combustíveis utilizada em nossos

caminhões e locomotivas. Além disso, firma-

mos contratos para o desenvolvimento de ca-

minhões e locomotivas elétricos, movidos por

baterias, alguns dos quais já estão em fase de

testes em nossas operações.

Atingimos, em 2023, a meta de 100% de consu-

mo de energia elétrica renovável no Brasil, dois

anos antes do previsto, em 2025, e trabalhamos

com a meta de termos 100% de energia renová-

vel em todas as operações da empresa até 2030.

Temos outras iniciativas que eu gosto muito de

citar também, como o programa de Mineração

Circular. No ano passado, 12,4 milhões de tonela-

das da nossa produção vieram a partir do reapro-

veitamento de pilhas e barragens em descarac-

terização. Além disso, temos também a produção

de areia sustentável, proveniente do tratamento

do rejeito gerado durante o processamento de

minério de ferro. A partir de rejeitos da nossa

operação na mina de Brucutu, que fica em São

Gonçalo do Rio Abaixo (MG), nós já produzimos

mais de 3 milhões de toneladas de areia.

M&S – A Vale tem participado de iniciativas

globais ou parcerias setoriais voltadas à mi-

neração de baixo carbono? Que tipo de cola-

boração tem sido mais eficaz?

RB – A descarbonização do setor de ferro e aço

é vital para cumprir as metas de mitigação das

mudanças climáticas e alcançar um futuro sus-

tentável para a mineração. Neste cenário, a Vale

desponta como um parceiro estratégico.

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

13

ENTREVISTA

RAFAEL BITTAR

“A Vale está preparada

para liderar a mineração

sustentável, com

um posicionamento

único para apoiar a

descarbonização global,

enquanto caminha para

tornar-se referência

na geração de valor de

longo prazo”

O minério de alta qualidade fornecido pela Vale

para produção de aço contribui para aumentar

eficiência do processo e, dessa forma, reduzir as

emissões de CO2 nas usinas siderúrgicas. Já assi-

namos acordos para soluções de descarboniza-

ção com mais de 50 clientes siderúrgicos.

Nessa parceria com a siderurgia, a inovação tam-

bém tem sido fundamental. A Vale desenvolveu

produtos como os briquetes, um aglomerado de

minério de ferro que reduz as

emissões dos altos-fornos em

até 10% e que, no futuro, com

a disponibilidade de hidrogê-

nio verde, poderá viabilizar a

produção de aço verde. A pri-

meira planta de briquetes foi

inaugurada em 2023 no Brasil

e já está produzindo para tes-

tes com clientes.

Outra iniciativa é a construção

de Mega Hubs com parceiros

para fabricar produtos side-

rúrgicos de baixo carbono,

utilizando briquetes e pelo-

tas de minério de ferro como

insumos. Nesses Mega Hubs,

a Vale concentrará o minério

de ferro e produzirá aglome-

rados. Um parceiro produzi-

rá HBI (ferro briquetado a quente) por meio da

tecnologia de redução direta com gás natural.

A produção será exportada para outros países,

onde será utilizada na fabricação de aço com

baixas emissões. A Vale já assinou acordos para

estabelecer Mega Hubs no Oriente Médio (Ará-

bia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã) e

está desenvolvendo um Mega Hub no Brasil, que

deverá utilizar hidrogênio verde em vez de gás

natural, reduzindo ainda mais as emissões de

carbono no processo.

M&S – Não há como falar de futuro sem fa-

lar de tecnologia. Não que seja um exercício

de futurologia, mas como o senhor acredi-

ta que será a mineração nos próximos 10

anos? E como a empresa tem se preparado

para este cenário?

RB – A Vale está preparada para liderar a minera-

ção sustentável, com um posicionamento único

para apoiar a descarbonização global, enquanto

caminha para tornar-se referên-

cia na geração de valor de longo

prazo. A inovação é uma alavan-

ca poderosa para construirmos

essa mineração mais sustentável

e segura. O uso da tecnologia

está nos permitindo estabelecer

um cenário com maior automa-

ção nas operações, o que garante

maior eficiência e produtividade,

redução de custos, maior segu-

rança, antecipação de falhas e,

consequentemente, maior com-

petitividade no cenário mundial.

A empresa acredita que a mine-

ração do futuro será uma ativi-

dade mais integrada e eficiente,

tendo a sustentabilidade como

diretriz fundamental. Este con-

ceito é estruturado em cinco

eixos estratégicos, que contemplam operações

inteligentes; compartilhamento de valor; mine-

ração minimamente invasiva; zero rejeitos, zero

resíduos e zero carbono; e força de trabalho do

futuro.

M&S – A eletrificação e a transição energéti-

ca estão mudando o perfil de demanda por

minerais estratégicos. Como a Vale está se

adaptando a essa nova geopolítica dos re-

cursos naturais?

e-Digital

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

14

RB – A Vale está atenta e se adaptando ativamente

à nova geopolítica dos recursos naturais impulsio-

nada pela transição energética e pela crescente

demanda por minerais estratégicos. Nossa estra-

tégia está centrada em ampliar a oferta de metais

essenciais para a descarbonização da economia

global, como níquel, cobre e minério de ferro de

alta qualidade, fundamentais para tecnologias de

eletrificação e energias renováveis. Temos ambi-

ção de aumentar substancialmente nossa produ-

ção de cobre nos próximos anos, inclusive recen-

temente lançamos o programa novo Carajás, que

visa acelerar o desenvolvimento de novos proje-

tos naquela importante província mineral.

M&S – Quais os investimentos mais específi-

cos nos minerais estratégicos a Vale tem feito

ou pretende fazer para se inserir, ainda mais,

nesse contexto de alta demanda?

RB – A Vale tem adotado uma estratégia robusta

para ampliar sua atuação em minerais estratégi-

cos. Uma iniciativa importante foi a criação, em

parceria com o BNDES, de um fundo de até R$

1 bilhão voltado para projetos de pesquisa, ex-

ploração e desenvolvimento de ativos minerais

estratégicos no Brasil. A Vale e o BNDES aporta-

rão R$ 250 milhões cada, com o objetivo de atrair

outros investidores e estimular o crescimento da

cadeia produtiva nacional.

Como já comentei, no Pará a Vale anunciou, re-

centemente, investimentos de R$ 70 bilhões até

2030 na região de Carajás (PA), com foco na am-

pliação da produção de minério de ferro e cobre.

Além disso, a empresa está expandindo suas ope-

rações no Canadá, com foco em atender à cres-

cente demanda global por metais críticos. Esses

investimentos estão alinhados ao compromisso

da Vale com uma mineração mais limpa, inova-

dora e resiliente, capaz de contribuir de forma

estratégica para a descarbonização da economia.

M&S – De que forma a Vale tem colaborado

com startups, universidades e centros de ino-

vação para antecipar tendências e acelerar so-

luções para a mineração do futuro?

RB – A Vale tem diversas parcerias neste sentido.

Podemos citar a Vale Ventures, lançada em 2022,

uma iniciativa que já comprometeu US$ 100 mi-

lhões para investimentos em startups especial-

mente focadas em quatro temas relacionados

à mineração sustentável: descarbonização da

cadeia da mineração; mineração circular, com

iniciativas que reduzam os resíduos, minera-

ção sustentável do futuro, com tecnologias que

transformarão a forma como as empresas mine-

radoras operam; e a aceleração da capacidade

em fornecer metais para a transição energética.

Outra iniciativa recente é a parceria firmada com

a UFMG, em abril deste ano, para o desenvolvi-

mento de soluções inovadoras de economia cir-

cular na mineração, também com o objetivo de

promover mais sustentabilidade na produção de

minério de ferro e gerar valor compartilhado e

impacto multissetorial.

M&S – O que esperar da Vale para os próxi-

mos anos no que tange a parte operacional

da empresa?

RB – Nos próximos anos, a Vale está focada em

manter sua estabilidade operacional, crescimen-

to sustentável e valor compartilhado com a socie-

dade, com forte compromisso com a segurança,

eficiência e responsabilidade ambiental. Estamos

implantando novos projetos como expansão do

S11D, Capanema e Vargem Grande. Nosso foco é

na excelência operacional com redução de cus-

tos e maior competitividade, além de um portfó-

lio superior e flexível de produtos, com destaque

para o minério de ferro de alta qualidade e me-

tais essenciais à transição energética.

e-Digital

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

15

Freepik

Setor mineral fatura R$ 139,2 bilhões no primeiro semestre

(1S25), e ouro é destaque com crescimento de 80%

Da Redação

DEMONSTRAÇÃO

DE FORÇA NO 1S25

MERCADO

BALANÇO

e-Digital

N

o primeiro semestre, a indústria da

mineração registrou avanço em fa-

turamento, recolhimento tributário

e geração de empregos, conforme dados di-

vulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração

(Ibram) no início de agosto. O crescimento, de

janeiro a junho deste ano, foi de 7,5% em com-

paração com o mesmo período do ano anterior.

O setor alcançou faturamento de R$ 139,2 bi-

lhões, sendo o ouro o mineral que mais se des-

tacou no semestre, com crescimento de 80%

no faturamento. Dentre os estados brasileiros, a

Bahia sobressaiu, vendo seu faturamento cres-

cer 31% no primeiro semestre, em relação ao

mesmo período de 2024.

Por subproduto, o minério de ferro gerou R$ 73,5

bi (-8,2%), equivalente a 52,8% do total; ouro, R$

17,6 bi (+80%); cobre, R$ 14,6 bi (+63,2%); e bauxi-

ta, R$ 3,2 bi (+21,3%). Os estados de Minas Gerais,

Pará e Bahia responderam, respectivamente, por

39,7%, 34,6% e 4,8% do faturamento do semestre.

O setor também registrou um acréscimo de 5.085

contratações de janeiro a junho, de acordo com o

Novo Caged, atingindo a marca de 226.067 em-

pregos diretos somente na mineração brasileira.

BALANÇA COMERCIAL

O setor mineral apresentou queda nas exporta-

ções em dólares, alcançando US$ 20,1 bilhões

(-6,5%), apesar do ligeiro aumento em tonela-

das, 192 milhões de toneladas (+3,7%). Já as im-

portações caíram tanto em dólar (-5,3%), quan-

to em toneladas (-2,2%), totalizando US$ 4,1

bilhões e 19,9 milhões de toneladas.

O resultado foi um superávit de US$ 16 bilhões

– representando 53% do saldo total da balança

comercial brasileira no período, ante 41% no

mesmo período do ano anterior.

De acordo com o Ibram, a manutenção do supe-

rávit mineral é fundamental para mitigar choques

externos e preservar reservas cambiais diante de

tensões comerciais. O superávit contribui para re-

duzir a vulnerabilidade externa, sustentar o câm-

bio e fortalecer o saldo agregado da balança.

Os preços médios do minério de ferro caíram 13,9%

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

16

no semestre, enquanto o ouro valorizou 39,3%, re-

fletindo diretamente no ganho de receita.

O minério de ferro respondeu por 63% das ex-

portações, totalizando US$ 12,7 bilhões (-17,4%

em dólar), ainda que o volume em toneladas

tenha aumentado 3,8%. Exportações de cobre

somaram US$ 2,1 bilhões (+14,4%), nióbio US$

1,23 bilhões (+7%), manganês US$ 56 milhões

(+102,4%) e pedras/revestimentos somaram US$

739 milhões (+23,8%). Houve retração nas ven-

das externas de bauxita (-11%) e caulim (-2,3%).

A importação de potássio representou US$ 2

bilhões (+6,6%), enquanto enxofre apresentou

elevação de 106,7% (US$ 238 milhões). As im-

portações de carvão (-25,3%) e rocha fosfática

(-23,3%) foram reduzidas.

TRIBUTOS E CFEM

O recolhimento tributário pela mineração so-

mou R$ 48 bilhões (+7,5%) no primeiro semes-

tre, em relação a 2024. No âmbito da CFEM, o

setor arrecadou R$ 3,7 bilhões (+1,4%), desta-

cando-se o ferro (69,4% da CFEM) e os estados

de MG (45,3%) e PA (39,2%).

MAIORES PRODUTOS

Liderados por Minas Gerais (R$ 55,3 bilhões), Pará

(R$ 48,1 bi) e Bahia (R$ 6,7 bi), outros estados tam-

bém se destacaram no faturamento do semestre.

Goiás com R$ 5,5 bilhões, São Paulo R$ 5,2 bi-

lhões e Mato Grosso com R$ 4,3 bilhões também

permanece entre os maiores produtores.

Dentre os 15 municípios com melhor desempe-

nho e arrecadação estão três do Pará e 12 de Mi-

nas Gerais. Destaque para Canaã dos Carajás (PA)

com R$ 608 milhões, arrecadados via CFEM no

primeiro semestre, seguidos por Parauapebas

e-Digital

(PA) R$ 485 milhões, Conceição do Mato Dentro

(MG) R$ 237 milhões, Marabá (PA) R$ 186 mi-

lhões e Congonhas com R$ 163 milhões.

MINERAIS CRÍTICOS E ESTRATÉGICOS

O faturamento em minerais críticos alcançou

R$ 21,6 bilhões (+41,6%). As exportações desse

segmento totalizaram US$ 3,64 bilhões (+5,2%)

e 3,58 milhões de toneladas.

Dos US$ 68,4 bilhões de investimentos previs-

tos para os próximos 4 anos no Brasil, o Ibram

estima que US$ 18,45 bilhões sejam somente

para minerais críticos e estratégicos. O instituto

também chama a atenção para a necessidade

de políticas públicas, fundamentais para seto-

res como transição energética e tecnologia in-

dustrial avançada.

NOVAS TARIFAS E DIVERSIFICAÇÃO

Segundo o Ibram, as novas tarifas aplicadas

pelos EUA, vigentes a partir de agosto (+40%),

afetarão aproximadamente 24,4% das expor-

tações minerais, notadamente pedras/rochas

ornamentais, caulim, pentóxido de vanádio,

alumínio, cobre e manganês. Outros produtos,

como minério de ferro e ouro semimanufatura-

do, permanecem isentos.

Atualmente, cerca de 4% das exportações bra-

sileiras de minérios destinam-se aos EUA, com

destaque para pedras ornamentais (57,6% do

valor), vanádio (34,1%) e nióbio (8,1%).

O setor ainda se manifesta apreensivo quanto à

adoção de medidas de reciprocidade tarifária,

que poderiam gerar elevação anual de custos

estimada em US$ 1 bilhão, com impacto nega-

tivo sobre competitividade e investimentos em

capital produtivo, segundo avaliação do Ibram.

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

17

e-Digital

Fonte: Ibram

Saldo Balança

Mineral

US$ 16 bilhões

US$ 17,17 bilhões

1S25

1S24

Empregos

Arrecadação

de CFEM

R$ 3,7 bilhões

R$ 3,6 bilhões

1S25

1S24

Exportações de

minério de ferro*

US$ 12,65 bilhões

US$ 15,4 bilhões

1S25

1S24

Importações

minerais

US$ 4,06 bilhões

US$ 4,29 bilhão

1S25

1S24

Importações

de potássio

US$ 1,99 bilhão

US$ 1,87 bilhão

1S25

1S24

US$ 20,07 bilhões

US$ 21,46 bilhões

1S25

1S24

Exportações

minerais

Balanço mineração

brasileira - 1S25

Faturamento

do setor

R$ 139,2 bilhões

R$ 129,5 bilhões

1S25

1S24

7,5%

Recolhimento

de tributos

R$ 48 bilhões

R$ 44,7 bilhões

1S25

1S24

7,5%

17,4%

1,4%

5,30%

6,6%

6,78%

6,48%

+ 5.085 vagas

geradas de janeiro a junho/25

226.067 empregos

diretos no setor

O setor contribuiu com 53% para o saldo

positivo da balança comercial brasileira no

período. A diferença entre as exportações e

importações foi de US$ 16 bilhões,

no 1º semestre de 2025.

MERCADO

BALANÇO

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

18

Da redação

Brasil desperta atenção do mundo ao concentrar

grandes reservas de ETRs e demais minerais

estratégicos para a transição energética

e-Digital

C

om 23% das reservas mundiais de ele-

mentos terras raras (ETRs), o Brasil se

posiciona como uma das maiores potên-

cias globais em minerais estratégicos. Segundo

o Serviço Geológico do Brasil (SGB), a explotação

desses recursos pode colocar o país no centro

das cadeias produtivas de alta tecnologia e da

transição energética — setores considerados vi-

tais para o futuro da economia global.

Os elementos terras raras possuem proprieda-

des únicas e são fundamentais na produção de

ímãs magnéticos, utilizados em motores elétri-

cos, turbinas eólicas, baterias e satélites. Tam-

bém desempenham um papel estratégico na

indústria de defesa, sendo indispensáveis na fa-

bricação de submarinos, aviões de caça e equi-

pamentos aeroespaciais.

A relevância desses elementos se reflete dire-

tamente em seu valor de mercado. Enquanto o

quilo de Neodímio, Disprósio e Térbio — três dos

elementos de terras raras mais estratégicos para

a indústria tecnológica — é cotado, respectiva-

PROTAGONISMO

INDISCUTIVEL

Freepik

MERCADO

TERRAS RARAS

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

20

O Brasil tem potencial não apenas de diversifi-

car sua matriz econômica, mas também de se

tornar um fornecedor estratégico de minerais

críticos, em um cenário global que busca redu-

zir a dependência da China. Além dos ETRs, o

país de destaca pelas representativas reservas

de outros minerais estratégicos: possui 94%

das reservas globais de nióbio, é o segundo

maior em reservas de grafita (26%) e o terceiro

em níquel (12%).

No entanto, para converter todo o potencial ge-

ológico em liderança concreta, garantindo que

as riquezas do subsolo se traduzam em inovação

e desenvolvimento sustentável, o Brasil precisa

superar alguns desafios: logística precária, falta

de tecnologia nacional para refino e separação

de óxidos e entraves ambientais e legais.

Para transpor essas barreiras, o governo federal

tem promovido ações como editais do Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-

cial (BNDES), da Financiadora de Estudos e Proje-

tos (Finep), do Ministério de Ciência Tecnologia

e Inovação (MCTI), além da criação do primeiro

laboratório-fábrica de ímãs e ligas de terras raras

do hemisfério Sul, o LabFabITR, em Minas Gerais.

“A maturação dos projetos exige tempo e inves-

timento, além de soluções para garantir susten-

tabilidade ambiental”, pontua Melo.

mente, a R$ 598, R$ 2.469 e R$ 10.790, o mesmo

peso de minério de ferro não ultrapassa R$ 0,60

(valores apurados no fechamento desta edição).

Para o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo,

não restam dúvidas acerca da proeminência

brasileira. “O país se tornará o maior produtor

global de ETRs”, afirma convicto. Atualmente, o

Brasil ocupa a segunda colocação mundial em

reservas de ETRs, com cerca de 21 milhões de

toneladas, atrás apenas da China, que domina

não apenas a produção, mas também o refino e

a cadeia tecnológica desses minerais.

Apesar do potencial expressivo, a produção

nacional ainda é incipiente. Em 2024, o Brasil

produziu apenas 20 toneladas de terras raras, o

que representa menos de 1% da oferta global,

que foi de 390 mil toneladas. Para mudar esse

cenário, o governo federal e o SGB apostam em

pesquisas, parcerias e investimentos em infraes-

trutura tecnológica.

O SGB lidera o Projeto de Avaliação do Poten-

cial de Terras Raras no Brasil, inserido na linha

de atuação “Minerais Estratégicos para Tran-

sição Energética” que integra o Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) do gover-

no federal. As atividades se concentram em

estados estratégicos, como Goiás, Tocantins,

Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa

Catarina, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará

e Piauí.

O objetivo é transformar recursos estimados

em reservas minerais bem definidas e econo-

micamente viáveis, por meio de avanços tec-

nológicos e cooperação com o setor privado e

instituições científicas. O SGB também atua no

fornecimento de dados geológicos e geofísicos

que subsidiam políticas públicas e atraem inves-

timentos nacionais e internacionais.

e-Digital

Com o lançamento do Plano Decenal de Pesqui-

sa de Recursos Minerais (PlanGeo 2026–2035)

— um documento estratégico que direciona a

pesquisa mineral para a próxima década, alinha-

da ao planejamento do mapeamento geológico

básico –, o SGB projeta a próxima década de ex-

ploração mineral alinhada às demandas do se-

tor energético, tecnológico e industrial.

CONDICIONANTES

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