Revista Mineração | Edição 59

A

mineração no Brasil está diante de uma

encruzilhada histórica. De um lado, a

responsabilidade climática cobra metas

ousadas de descarbonização. Do outro, o país,

que em novembro vai sediar a 30ª edição da

Conferência da ONU sobre Mudanças Climá-

ticas (COP30), carrega um dos maiores poten-

ciais do mundo para liderar a transição energé-

tica global. E é justamente nesse cenário que

grandes companhias do setor mineral têm ace-

lerado os passos, apostando em energia limpa

como principal via para conseguirem o acesso

à nova era energética.

Diante de metas crescentes por práticas susten-

táveis, empresas como a Vale e a ArcelorMittal

vêm redesenhando suas operações a partir de

uma matriz energética mais limpa, eletrificada

e inovadora. A esse movimento se somam par-

cerias com empresas, como a Casa dos Ventos,

especializada em soluções de energia renovável

sob medida para setores de grande consumo.

Nos últimos anos, os investimentos saltaram

para patamares bilionários. Apenas a Arcelor-

Mittal aportou R$ 5,8 bilhões entre 2024 e 2025

em projetos de energia solar e eólica. A gigante

siderúrgica — uma das maiores consumidoras

de eletricidade do país — se comprometeu a

utilizar 100% de energia elétrica de fontes re-

nováveis até 2030 e tem como meta zerar suas

emissões líquidas de carbono até 2050.

Parte relevante dessa transformação energética

passa pelo Complexo Eólico Babilônia Centro,

na Bahia, um dos maiores empreendimentos do

tipo no Brasil, fruto de uma joint venture com a

Casa dos Ventos, ao custo de R$ 4,2 bilhões do

e-Digital

total do investimento (R$ 5,8 bilhões). Previsto

para entrar em operação em agosto, o parque

fornecerá energia suficiente para abastecer 40%

do consumo elétrico da ArcelorMittal no país.

Outros dois projetos de energia solar também

estão em andamento. O Parque Luiz Carlos, lo-

calizado em Paracatu (MG), será construído em

parceria com a Atlas Renewable Energy e terá

capacidade de 69 MW médios/ano, com inves-

timento de R$ 895 milhões. Já em Morro do

Chapéu e Várzea Nova (BA), a ArcelorMittal e a

Casa dos Ventos investirão R$ 690 milhões em

um projeto solar que gerará 44 MW médios/

ano. Neste novo acordo, a ArcelorMittal terá

participação de capital de 55% e a Casa dos

Ventos de 45%.

A previsão é que os dois empreendimentos

sejam inaugurados em outubro deste ano. So-

madas as capacidades previstas das duas novas

plantas de energia solar, a ArcelorMittal adicio-

nará à sua geração própria novos 113 MW mé-

dios/ano, o que representará 14% do consumo

atual de energia elétrica da empresa.

Para a redução de emissões de CO₂, a Arcelor-

Mittal atua prioritariamente em cinco frentes:

otimização da matriz metálica, com aprimo-

ramento e ampliação do uso de sucata como

matéria-prima; troca de combustível, substi-

tuindo parcialmente o carvão mineral por gás

natural; maximização do uso de carvão vegetal

renovável; adoção permanente de melhorias

de eficiência energética nos processos de pro-

dução de aço; e produção própria de energia

renovável, buscando sempre fontes comprova-

damente limpas.

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

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