A
mineração no Brasil está diante de uma
encruzilhada histórica. De um lado, a
responsabilidade climática cobra metas
ousadas de descarbonização. Do outro, o país,
que em novembro vai sediar a 30ª edição da
Conferência da ONU sobre Mudanças Climá-
ticas (COP30), carrega um dos maiores poten-
ciais do mundo para liderar a transição energé-
tica global. E é justamente nesse cenário que
grandes companhias do setor mineral têm ace-
lerado os passos, apostando em energia limpa
como principal via para conseguirem o acesso
à nova era energética.
Diante de metas crescentes por práticas susten-
táveis, empresas como a Vale e a ArcelorMittal
vêm redesenhando suas operações a partir de
uma matriz energética mais limpa, eletrificada
e inovadora. A esse movimento se somam par-
cerias com empresas, como a Casa dos Ventos,
especializada em soluções de energia renovável
sob medida para setores de grande consumo.
Nos últimos anos, os investimentos saltaram
para patamares bilionários. Apenas a Arcelor-
Mittal aportou R$ 5,8 bilhões entre 2024 e 2025
em projetos de energia solar e eólica. A gigante
siderúrgica — uma das maiores consumidoras
de eletricidade do país — se comprometeu a
utilizar 100% de energia elétrica de fontes re-
nováveis até 2030 e tem como meta zerar suas
emissões líquidas de carbono até 2050.
Parte relevante dessa transformação energética
passa pelo Complexo Eólico Babilônia Centro,
na Bahia, um dos maiores empreendimentos do
tipo no Brasil, fruto de uma joint venture com a
Casa dos Ventos, ao custo de R$ 4,2 bilhões do
e-Digital
total do investimento (R$ 5,8 bilhões). Previsto
para entrar em operação em agosto, o parque
fornecerá energia suficiente para abastecer 40%
do consumo elétrico da ArcelorMittal no país.
Outros dois projetos de energia solar também
estão em andamento. O Parque Luiz Carlos, lo-
calizado em Paracatu (MG), será construído em
parceria com a Atlas Renewable Energy e terá
capacidade de 69 MW médios/ano, com inves-
timento de R$ 895 milhões. Já em Morro do
Chapéu e Várzea Nova (BA), a ArcelorMittal e a
Casa dos Ventos investirão R$ 690 milhões em
um projeto solar que gerará 44 MW médios/
ano. Neste novo acordo, a ArcelorMittal terá
participação de capital de 55% e a Casa dos
Ventos de 45%.
A previsão é que os dois empreendimentos
sejam inaugurados em outubro deste ano. So-
madas as capacidades previstas das duas novas
plantas de energia solar, a ArcelorMittal adicio-
nará à sua geração própria novos 113 MW mé-
dios/ano, o que representará 14% do consumo
atual de energia elétrica da empresa.
Para a redução de emissões de CO₂, a Arcelor-
Mittal atua prioritariamente em cinco frentes:
otimização da matriz metálica, com aprimo-
ramento e ampliação do uso de sucata como
matéria-prima; troca de combustível, substi-
tuindo parcialmente o carvão mineral por gás
natural; maximização do uso de carvão vegetal
renovável; adoção permanente de melhorias
de eficiência energética nos processos de pro-
dução de aço; e produção própria de energia
renovável, buscando sempre fontes comprova-
damente limpas.
Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
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