Revista Mineração | Edição 59

O Brasil tem potencial não apenas de diversifi-

car sua matriz econômica, mas também de se

tornar um fornecedor estratégico de minerais

críticos, em um cenário global que busca redu-

zir a dependência da China. Além dos ETRs, o

país de destaca pelas representativas reservas

de outros minerais estratégicos: possui 94%

das reservas globais de nióbio, é o segundo

maior em reservas de grafita (26%) e o terceiro

em níquel (12%).

No entanto, para converter todo o potencial ge-

ológico em liderança concreta, garantindo que

as riquezas do subsolo se traduzam em inovação

e desenvolvimento sustentável, o Brasil precisa

superar alguns desafios: logística precária, falta

de tecnologia nacional para refino e separação

de óxidos e entraves ambientais e legais.

Para transpor essas barreiras, o governo federal

tem promovido ações como editais do Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-

cial (BNDES), da Financiadora de Estudos e Proje-

tos (Finep), do Ministério de Ciência Tecnologia

e Inovação (MCTI), além da criação do primeiro

laboratório-fábrica de ímãs e ligas de terras raras

do hemisfério Sul, o LabFabITR, em Minas Gerais.

“A maturação dos projetos exige tempo e inves-

timento, além de soluções para garantir susten-

tabilidade ambiental”, pontua Melo.

mente, a R$ 598, R$ 2.469 e R$ 10.790, o mesmo

peso de minério de ferro não ultrapassa R$ 0,60

(valores apurados no fechamento desta edição).

Para o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo,

não restam dúvidas acerca da proeminência

brasileira. “O país se tornará o maior produtor

global de ETRs”, afirma convicto. Atualmente, o

Brasil ocupa a segunda colocação mundial em

reservas de ETRs, com cerca de 21 milhões de

toneladas, atrás apenas da China, que domina

não apenas a produção, mas também o refino e

a cadeia tecnológica desses minerais.

Apesar do potencial expressivo, a produção

nacional ainda é incipiente. Em 2024, o Brasil

produziu apenas 20 toneladas de terras raras, o

que representa menos de 1% da oferta global,

que foi de 390 mil toneladas. Para mudar esse

cenário, o governo federal e o SGB apostam em

pesquisas, parcerias e investimentos em infraes-

trutura tecnológica.

O SGB lidera o Projeto de Avaliação do Poten-

cial de Terras Raras no Brasil, inserido na linha

de atuação “Minerais Estratégicos para Tran-

sição Energética” que integra o Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) do gover-

no federal. As atividades se concentram em

estados estratégicos, como Goiás, Tocantins,

Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa

Catarina, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará

e Piauí.

O objetivo é transformar recursos estimados

em reservas minerais bem definidas e econo-

micamente viáveis, por meio de avanços tec-

nológicos e cooperação com o setor privado e

instituições científicas. O SGB também atua no

fornecimento de dados geológicos e geofísicos

que subsidiam políticas públicas e atraem inves-

timentos nacionais e internacionais.

e-Digital

Com o lançamento do Plano Decenal de Pesqui-

sa de Recursos Minerais (PlanGeo 2026–2035)

— um documento estratégico que direciona a

pesquisa mineral para a próxima década, alinha-

da ao planejamento do mapeamento geológico

básico –, o SGB projeta a próxima década de ex-

ploração mineral alinhada às demandas do se-

tor energético, tecnológico e industrial.

CONDICIONANTES

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