O Brasil tem potencial não apenas de diversifi-
car sua matriz econômica, mas também de se
tornar um fornecedor estratégico de minerais
críticos, em um cenário global que busca redu-
zir a dependência da China. Além dos ETRs, o
país de destaca pelas representativas reservas
de outros minerais estratégicos: possui 94%
das reservas globais de nióbio, é o segundo
maior em reservas de grafita (26%) e o terceiro
em níquel (12%).
No entanto, para converter todo o potencial ge-
ológico em liderança concreta, garantindo que
as riquezas do subsolo se traduzam em inovação
e desenvolvimento sustentável, o Brasil precisa
superar alguns desafios: logística precária, falta
de tecnologia nacional para refino e separação
de óxidos e entraves ambientais e legais.
Para transpor essas barreiras, o governo federal
tem promovido ações como editais do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
cial (BNDES), da Financiadora de Estudos e Proje-
tos (Finep), do Ministério de Ciência Tecnologia
e Inovação (MCTI), além da criação do primeiro
laboratório-fábrica de ímãs e ligas de terras raras
do hemisfério Sul, o LabFabITR, em Minas Gerais.
“A maturação dos projetos exige tempo e inves-
timento, além de soluções para garantir susten-
tabilidade ambiental”, pontua Melo.
mente, a R$ 598, R$ 2.469 e R$ 10.790, o mesmo
peso de minério de ferro não ultrapassa R$ 0,60
(valores apurados no fechamento desta edição).
Para o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo,
não restam dúvidas acerca da proeminência
brasileira. “O país se tornará o maior produtor
global de ETRs”, afirma convicto. Atualmente, o
Brasil ocupa a segunda colocação mundial em
reservas de ETRs, com cerca de 21 milhões de
toneladas, atrás apenas da China, que domina
não apenas a produção, mas também o refino e
a cadeia tecnológica desses minerais.
Apesar do potencial expressivo, a produção
nacional ainda é incipiente. Em 2024, o Brasil
produziu apenas 20 toneladas de terras raras, o
que representa menos de 1% da oferta global,
que foi de 390 mil toneladas. Para mudar esse
cenário, o governo federal e o SGB apostam em
pesquisas, parcerias e investimentos em infraes-
trutura tecnológica.
O SGB lidera o Projeto de Avaliação do Poten-
cial de Terras Raras no Brasil, inserido na linha
de atuação “Minerais Estratégicos para Tran-
sição Energética” que integra o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) do gover-
no federal. As atividades se concentram em
estados estratégicos, como Goiás, Tocantins,
Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa
Catarina, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará
e Piauí.
O objetivo é transformar recursos estimados
em reservas minerais bem definidas e econo-
micamente viáveis, por meio de avanços tec-
nológicos e cooperação com o setor privado e
instituições científicas. O SGB também atua no
fornecimento de dados geológicos e geofísicos
que subsidiam políticas públicas e atraem inves-
timentos nacionais e internacionais.
e-Digital
Com o lançamento do Plano Decenal de Pesqui-
sa de Recursos Minerais (PlanGeo 2026–2035)
— um documento estratégico que direciona a
pesquisa mineral para a próxima década, alinha-
da ao planejamento do mapeamento geológico
básico –, o SGB projeta a próxima década de ex-
ploração mineral alinhada às demandas do se-
tor energético, tecnológico e industrial.
CONDICIONANTES
Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
21