O
setor siderúrgico brasileiro recebeu com
alívio a decisão dos Estados Unidos de
retirar um de seus principais produtos
da lista de itens sujeitos à tarifa de 50%. A medi-
da entrou em vigor no 6 de agosto, impactando
as exportações de cerca de 30% dos produtos
brasileiros direcionados aos EUA.
O principal alívio veio para os produtores de fer-
ro-gusa, que continuarão pagando uma tarifa
reduzida de 10%. Por outro lado, o aço perma-
nece sujeito à taxação de 50%, imposta em ju-
nho. Apesar da notícia positiva, o setor nacional
ainda enfrenta desafios significativos, como o
aumento das importações de aço da China, que
intensificam a concorrência e pressionam tanto
os custos quanto a demanda interna.
Em julho, o anúncio da taxação de 50% sobre
os produtos exportados do Brasil para os EUA
sacudiu a economia brasileira e todo o setor
produtivo. A siderurgia nacional sentiu o baque,
embora os efeitos da nova política comercial
estadunidense a atingisse em intensidades dife-
rentes a depender do segmento.
Altamente dependente das exportações para os
Estados Unidos, o segmento de ferro-gusa era o
que mais gerava preocupação. Segundo dados
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (Mdic), as negociações no
ano passado ultrapassaram US$ 400 milhões
(cerca de R$ 1,5 bilhão).
Só em Minas Gerais existem, atualmente, 50 usi-
nas de ferro-gusa. Elas empregam cerca de 10
mil pessoas diretamente, além dos empregos in-
diretos espalhados pela cadeia de fornecedores,
como a silvicultura, que produz carvão vegetal
para os fornos. De acordo com o Sindicato da In-
dústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sin-
difer), em 2024, o estado produziu 3,8 milhões
e-Digital
de toneladas de ferro, das quais exportou 68%,
sendo 84% desse volume vendidos aos EUA.
Entre janeiro de 2021 e junho de 2025, a maté-
ria-prima usada para a produção de aço e fer-
ro fundido foi o segundo principal produto da
pauta mineira de exportações, somando quase
US$ 4 bilhões (R$ 22 bilhões), segundo dados do
Comex Stat, sistema oficial para consulta e ex-
tração de dados do comércio exterior brasileiro.
Em 2024, Minas Gerais arrecadou cerca de US$ 1,2
bilhão (R$ 6,7 bilhões) com a exportação de ferro-
-gusa para outros países, sendo que quase US$ 1
bilhão (R$ 5,5 bilhões) vieram dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos é o nosso
principal comprador. Fala-se
muito em redirecionamento
do produto, mas, no nosso
mercado, é muito difícil.
Fausto Varela Cançado,
presidente do Sindifer
Divulgação
Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
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