Li Lin | China News Agency | Getty Images
om foco em seu processo de transição
energética, a China deu início a uma das
obras mais grandiosas da engenharia
mundial: a construção do Complexo Hidrelétrico
do Rio Yarlung Zangbo, localizado na região do
Tibete e considerado o maior do planeta. A me-
gaconstrução não só impressiona pela sua escala,
como já começa a causar impactos significativos
no mercado global, especialmente nas cotações
do minério de ferro, matéria-prima fundamental
para sua execução.
Com capacidade projetada para ultrapassar a
de todas as hidrelétricas existentes atualmen-
te no mundo, a nova usina terá uma potência
instalada estimada em torno de 70 gigawatts, o
que a torna maior do que a icônica Usina de Três
Gargantas, também na China e localizada no Rio
Yangtzé, na cidade de Sandouping. Para efeitos
de comparação, a barragem das Três Gargantas
possui uma capacidade de 22,5 gigawatts, en-
quanto a usina de Itaipu tem 14 gigawatts de
potência máxima instalada.
A nova obra integra o plano da China para ex-
pandir sua matriz energética limpa, reduzir a
dependência de combustíveis fósseis e reforçar
sua posição como líder global na produção de
energia renovável.
Por sua localização estratégica, no alto planalto
tibetano, o projeto não apenas desafia a enge-
nharia, mas também provoca preocupações ge-
opolíticas na região, especialmente com países
vizinhos como a Índia, que vê a construção como
um potencial risco para a gestão dos recursos hí-
dricos compartilhados.
CORRIDA PELO MINÉRIO
Do ponto de vista técnico, a hidrelétrica exigirá
uma imensa quantidade de minério de ferro para
e-Digital
a fabricação do concreto armado, estruturas
metálicas e equipamentos, além de maquiná-
rio pesado para escavações e montagem. A de-
manda extraordinária pelo minério já está me-
xendo com os preços internacionais, levando a
movimentações nas cotações devido ao início
da obra, uma vez que a China é o maior impor-
tador global desse insumo.
Curiosamente, além do impacto econômico, es-
pecialistas ressaltam que a obra tem influências
até na física da Terra: com a movimentação de
toneladas de água represada e a construção de
uma gigantesca barragem, alguns estudos in-
dicam que a velocidade de rotação do planeta
pode sofrer pequenas alterações, embora imper-
ceptíveis para o cotidiano, refletindo a imensa
magnitude do projeto.
O início das obras é um sinal claro de que a in-
fraestrutura energética continuará a influen-
ciar mercados globais, políticas regionais e até
fenômenos naturais. Para o setor mineral, em
especial para fornecedores e mineradoras, essa
megaconstrução abre oportunidades significa-
tivas, ao passo que reforça a importância estra-
tégica do minério de ferro na dinâmica econô-
mica mundial.
Trecho do Rio Yarlung
Tsangpo River onde
será construído a
mega-hidrelétrica
Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
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