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transformação, entregando energia renovável e
soluções de eletrificação que ajudem a posicio-
nar a mineração brasileira como referência mun-
dial em sustentabilidade e eficiência.
Essa aproximação entre mineração e energias
renováveis tem impactos diretos na chamada
pegada de carbono do setor, especialmente no
escopo 2 — relacionado ao consumo de eletri-
cidade. Mas também traz desafios significativos:
infraestrutura de conexão em áreas remotas,
intermitência das fontes solar e eólica, custos e
licenciamento ainda são entraves para a univer-
salização da energia limpa nas operações.
Apesar disso, o otimismo predomina. O setor
mineral brasileiro é um dos poucos no mundo
que pode unir matriz elétrica majoritariamente
renovável com acesso a minerais estratégicos —
como lítio, cobre, níquel e terras raras — que são
insumos-chave para tecnologias limpas.
A expectativa é que a liderança das grandes
empresas nesse processo puxe também a ca-
deia como um todo. A Vale, por exemplo, já fir-
mou acordos de descarbonização com mais de
50 clientes siderúrgicos e projeta Mega Hubs
para produção de aço verde. A ArcelorMittal,
por sua vez, acredita que seu portfólio de pro-
dutos de baixo carbono deve estimular novas
soluções no mercado. E a Casa dos Ventos se-
gue desenhando projetos cada vez mais perso-
nalizados, alinhados aos objetivos de sustenta-
bilidade das mineradoras.
Atento a todo o movimento do setor rumo à
descarbonização, o Instituto Brasileiro de Mi-
neração (Ibram) defende que o setor mineral
brasileiro tem avançado com consistência na
adoção de soluções sustentáveis, com foco na
eficiência energética e na transição para fon-
tes renováveis. As iniciativas, segundo o ór-
gão, vão desde a modernização de processos
até investimentos diretos em geração limpa,
como solar, eólica e hídrica.
O diretor de Assuntos Minerários do Ibram, Jú-
lio Neri, explica que nas operações, uma das
frentes mais promissoras é a eletrificação da
frota e a substituição de caminhões por siste-
mas mais sustentáveis de transporte de miné-
rio. Um exemplo emblemático é a mina S11D,
Mineração acelera rumo à energia limpa,
mas ainda enfrenta desafios
que já opera com correias transportadoras elé-
tricas, reduzindo drasticamente o uso de com-
bustíveis fósseis. A S11D está localizada em
Canaã dos Carajás, no Sudeste do Pará, e é o
maior projeto de minério de ferro da história da
Vale. A mina faz parte do Complexo S11D Elie-
zer Batista e é conhecida por sua alta tecnolo-
gia e operações sem barragens.
Além disso, equipamentos de grande porte utili-
zados pela mineração, como caminhões e carre-
gadeiras acima de 150 toneladas, já funcionam
com tecnologia híbrida, utilizando motor gera-
dor e motores elétricos de deslocamento.
“Em paralelo, mineradoras têm buscado ampliar
sua participação em projetos de geração de
Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
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