Revista Mineração | Edição 59

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transformação, entregando energia renovável e

soluções de eletrificação que ajudem a posicio-

nar a mineração brasileira como referência mun-

dial em sustentabilidade e eficiência.

Essa aproximação entre mineração e energias

renováveis tem impactos diretos na chamada

pegada de carbono do setor, especialmente no

escopo 2 — relacionado ao consumo de eletri-

cidade. Mas também traz desafios significativos:

infraestrutura de conexão em áreas remotas,

intermitência das fontes solar e eólica, custos e

licenciamento ainda são entraves para a univer-

salização da energia limpa nas operações.

Apesar disso, o otimismo predomina. O setor

mineral brasileiro é um dos poucos no mundo

que pode unir matriz elétrica majoritariamente

renovável com acesso a minerais estratégicos —

como lítio, cobre, níquel e terras raras — que são

insumos-chave para tecnologias limpas.

A expectativa é que a liderança das grandes

empresas nesse processo puxe também a ca-

deia como um todo. A Vale, por exemplo, já fir-

mou acordos de descarbonização com mais de

50 clientes siderúrgicos e projeta Mega Hubs

para produção de aço verde. A ArcelorMittal,

por sua vez, acredita que seu portfólio de pro-

dutos de baixo carbono deve estimular novas

soluções no mercado. E a Casa dos Ventos se-

gue desenhando projetos cada vez mais perso-

nalizados, alinhados aos objetivos de sustenta-

bilidade das mineradoras.

Atento a todo o movimento do setor rumo à

descarbonização, o Instituto Brasileiro de Mi-

neração (Ibram) defende que o setor mineral

brasileiro tem avançado com consistência na

adoção de soluções sustentáveis, com foco na

eficiência energética e na transição para fon-

tes renováveis. As iniciativas, segundo o ór-

gão, vão desde a modernização de processos

até investimentos diretos em geração limpa,

como solar, eólica e hídrica.

O diretor de Assuntos Minerários do Ibram, Jú-

lio Neri, explica que nas operações, uma das

frentes mais promissoras é a eletrificação da

frota e a substituição de caminhões por siste-

mas mais sustentáveis de transporte de miné-

rio. Um exemplo emblemático é a mina S11D,

Mineração acelera rumo à energia limpa,

mas ainda enfrenta desafios

que já opera com correias transportadoras elé-

tricas, reduzindo drasticamente o uso de com-

bustíveis fósseis. A S11D está localizada em

Canaã dos Carajás, no Sudeste do Pará, e é o

maior projeto de minério de ferro da história da

Vale. A mina faz parte do Complexo S11D Elie-

zer Batista e é conhecida por sua alta tecnolo-

gia e operações sem barragens.

Além disso, equipamentos de grande porte utili-

zados pela mineração, como caminhões e carre-

gadeiras acima de 150 toneladas, já funcionam

com tecnologia híbrida, utilizando motor gera-

dor e motores elétricos de deslocamento.

“Em paralelo, mineradoras têm buscado ampliar

sua participação em projetos de geração de

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

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