Revista Mineração | Edição 59

obras são feitas a quilômetros de distância e os

operadores controlam os equipamentos com

câmeras e joysticks.

Desenvolvemos o acesso remoto para equipa-

mentos que a gente chama de linha amarela, que

são tratores e caminhões de menor porte. É algo

inédito no mundo. Temos, inclusive, apresentado

essa experiência em congressos, conferências,

mostrando esse exemplo da Vale, que é feito aqui

no Brasil, como inspiração

para outras empresas. Uma

operação nessa escala, com

esse nível de tecnologia e

inovação, para remoção de

rejeitos em barragens é, de

fato, inédita no mundo.

M&S – O descomissiona-

mento tem impacto direto

na imagem institucional

da Vale. Que papel a repu-

tação tem na definição de

metas, prazos e comunica-

ção sobre esse tema?

RB – A Vale trabalha para

cumprir integralmente os

prazos e metas definidos pela legislação e pelos

órgãos fiscalizadores e sabe, obviamente, da im-

portância disso para a sua imagem. A prioridade,

no entanto, é que as obras sejam feitas em abso-

luta segurança, tanto para as comunidades pró-

ximas às barragens quanto para o meio ambien-

te e para os nossos empregados. Como algumas

estruturas são bastante complexas, as soluções

são customizadas para cada uma delas e estão

sendo realizadas com o máximo de cuidado e

com a melhor engenharia disponível.

M&S – Saem as barragens e entram as pilhas

de estéril. Quais cuidados a Vale tem tomado

a fim de evitar que a substituição do método

de armazenamento de rejeitos não se torne

um outro desafio?

RB – Atualmente, em torno de 70% da produção

da Vale já é realizada a seco (umidade natural) e

não gera rejeitos, dispensando o uso de barragens

para esta finalidade. Do restante, que ainda gera

rejeitos, 80% do material é filtrado para ser dispos-

to e compactado em pilhas, em estado sólido. O

empilhamento é um processo

que já temos feito com suces-

so nos últimos anos e com alto

nível de controle. As pilhas são

estruturas geotécnicas e tam-

bém seguem normas rigorosas

de segurança e gestão.

Essas estruturas são dotadas

de sistemas de drenagem, pos-

suem instrumentos de monito-

ramento e passam por inspe-

ções e manutenções periódicas

para conservação da estabilida-

de e de suas condições de segu-

rança. Além disso, a Vale imple-

mentou uma metodologia de

avaliação e gestão de riscos, e as

estruturas também são avaliadas constantemente

por equipe técnica externa especializada.

M&S– Quanto à descarbonização, outro

tema recorrente para mineradoras, como a

Vale tem performado nesse aspecto e quais

as tecnologias-chave têm sido empregadas

a fim de cumprir os compromissos firmados

pela companhia?

RB – Em nossas operações, buscamos alterna-

tivas aos combustíveis fósseis nos processos de

mineração, transporte ferroviário e pelotização.

Como exemplo, podemos citar dois acordos

ENTREVISTA

RAFAEL BITTAR

e-Digital

A prioridade é que

as obras sejam feitas em

absoluta segurança, tanto

para as comunidades

próximas às barragens

quanto para o meio

ambiente e para os

nossos empregados

Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

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