obras são feitas a quilômetros de distância e os
operadores controlam os equipamentos com
câmeras e joysticks.
Desenvolvemos o acesso remoto para equipa-
mentos que a gente chama de linha amarela, que
são tratores e caminhões de menor porte. É algo
inédito no mundo. Temos, inclusive, apresentado
essa experiência em congressos, conferências,
mostrando esse exemplo da Vale, que é feito aqui
no Brasil, como inspiração
para outras empresas. Uma
operação nessa escala, com
esse nível de tecnologia e
inovação, para remoção de
rejeitos em barragens é, de
fato, inédita no mundo.
M&S – O descomissiona-
mento tem impacto direto
na imagem institucional
da Vale. Que papel a repu-
tação tem na definição de
metas, prazos e comunica-
ção sobre esse tema?
RB – A Vale trabalha para
cumprir integralmente os
prazos e metas definidos pela legislação e pelos
órgãos fiscalizadores e sabe, obviamente, da im-
portância disso para a sua imagem. A prioridade,
no entanto, é que as obras sejam feitas em abso-
luta segurança, tanto para as comunidades pró-
ximas às barragens quanto para o meio ambien-
te e para os nossos empregados. Como algumas
estruturas são bastante complexas, as soluções
são customizadas para cada uma delas e estão
sendo realizadas com o máximo de cuidado e
com a melhor engenharia disponível.
M&S – Saem as barragens e entram as pilhas
de estéril. Quais cuidados a Vale tem tomado
a fim de evitar que a substituição do método
de armazenamento de rejeitos não se torne
um outro desafio?
RB – Atualmente, em torno de 70% da produção
da Vale já é realizada a seco (umidade natural) e
não gera rejeitos, dispensando o uso de barragens
para esta finalidade. Do restante, que ainda gera
rejeitos, 80% do material é filtrado para ser dispos-
to e compactado em pilhas, em estado sólido. O
empilhamento é um processo
que já temos feito com suces-
so nos últimos anos e com alto
nível de controle. As pilhas são
estruturas geotécnicas e tam-
bém seguem normas rigorosas
de segurança e gestão.
Essas estruturas são dotadas
de sistemas de drenagem, pos-
suem instrumentos de monito-
ramento e passam por inspe-
ções e manutenções periódicas
para conservação da estabilida-
de e de suas condições de segu-
rança. Além disso, a Vale imple-
mentou uma metodologia de
avaliação e gestão de riscos, e as
estruturas também são avaliadas constantemente
por equipe técnica externa especializada.
M&S– Quanto à descarbonização, outro
tema recorrente para mineradoras, como a
Vale tem performado nesse aspecto e quais
as tecnologias-chave têm sido empregadas
a fim de cumprir os compromissos firmados
pela companhia?
RB – Em nossas operações, buscamos alterna-
tivas aos combustíveis fósseis nos processos de
mineração, transporte ferroviário e pelotização.
Como exemplo, podemos citar dois acordos
ENTREVISTA
RAFAEL BITTAR
e-Digital
A prioridade é que
as obras sejam feitas em
absoluta segurança, tanto
para as comunidades
próximas às barragens
quanto para o meio
ambiente e para os
nossos empregados
Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
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