Revista Mineração | Edição 59

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mineração vive um momento de in-

flexão. Diante de pressões globais por

sustentabilidade, maior segurança

operacional e redução das emissões de carbo-

no, empresas do setor têm sido desafiadas a re-

pensar processos, investir em inovação e adotar

uma postura mais proativa frente às expectati-

vas da sociedade.

No Brasil, poucos temas ilustram melhor essa

transformação do que o descomissionamen-

to de barragens a montante – estruturas que,

historicamente, marcaram a indústria, mas que

agora representam uma das frentes mais sensí-

veis e complexas do ponto de vista técnico, am-

biental e reputacional.

A Vale, uma das principais mineradoras do mun-

do, está à frente desse processo, tendo assumido,

desde 2019, o compromisso de descaracterizar

todas as suas barragens a montante, ao mesmo

tempo em que acelera uma agenda ampla de des-

carbonização, inovação tecnológica e reaproveita-

mento de materiais.

Em entrevista exclusiva à Revista Mineração &

Sustentabilidade, o vice-presidente Executivo Téc-

nico da Vale, Rafael Bittar, detalha os principais

avanços no processo de descaracterização das es-

truturas a montante, comenta os desafios associa-

dos à gestão de pilhas de estéril e destaca as tec-

nologias que estão permitindo à empresa atuar de

forma mais segura, eficiente e sustentável.

Bittar também compartilha a visão da Vale para

o futuro da mineração, as parcerias com startups

e os investimentos voltados a minerais estratégi-

cos, como níquel e cobre, essenciais para a tran-

sição energética global.

Uma conversa que oferece um panorama

abrangente sobre como a Vale está redese-

nhando sua atuação para liderar a mineração

do futuro. Confira!

Mineração & Sustentabilidade – O descomis-

sionamento de barragens a montante tem

sido um dos principais desafios das empresas

de mineração atuantes no país. Quais são as

maiores complexidades quanto à descaracte-

rização das estruturas da Vale?

Rafael Bittar – A descaracterização das barragens

a montante, além de ser uma exigência legal, é um

compromisso prioritário para a Vale desde 2019.

Devido à complexidade de algumas estruturas, a

empresa começou a procurar tecnologias que per-

mitissem o acesso remoto para que as obras fos-

sem realizadas com a segurança em primeiro lugar.

O desenvolvimento dessas tecnologias foi feito

em parceria com fornecedores, e chegar a esse

modelo de trabalho, com a implementação de

uma série de inovações tecnológicas, foi um

avanço fundamental para reduzir a exposição

ao risco das nossas equipes e fazer obras cada

vez mais seguras com relação ao meio ambiente

e com um nível de inovação que até então não

existia na indústria.

M&S – Quais inovações têm se destacado nes-

se processo?

RB – A partir da tecnologia desenvolvida junto

aos fornecedores, nós criamos um ambiente –

o Centro de Operações Remotas, em Belo Ho-

rizonte – onde os profissionais são treinados e

capacitados para operar e controlar os equipa-

mentos à distância. Então algumas das nossas

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Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025

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