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mineração vive um momento de in-
flexão. Diante de pressões globais por
sustentabilidade, maior segurança
operacional e redução das emissões de carbo-
no, empresas do setor têm sido desafiadas a re-
pensar processos, investir em inovação e adotar
uma postura mais proativa frente às expectati-
vas da sociedade.
No Brasil, poucos temas ilustram melhor essa
transformação do que o descomissionamen-
to de barragens a montante – estruturas que,
historicamente, marcaram a indústria, mas que
agora representam uma das frentes mais sensí-
veis e complexas do ponto de vista técnico, am-
biental e reputacional.
A Vale, uma das principais mineradoras do mun-
do, está à frente desse processo, tendo assumido,
desde 2019, o compromisso de descaracterizar
todas as suas barragens a montante, ao mesmo
tempo em que acelera uma agenda ampla de des-
carbonização, inovação tecnológica e reaproveita-
mento de materiais.
Em entrevista exclusiva à Revista Mineração &
Sustentabilidade, o vice-presidente Executivo Téc-
nico da Vale, Rafael Bittar, detalha os principais
avanços no processo de descaracterização das es-
truturas a montante, comenta os desafios associa-
dos à gestão de pilhas de estéril e destaca as tec-
nologias que estão permitindo à empresa atuar de
forma mais segura, eficiente e sustentável.
Bittar também compartilha a visão da Vale para
o futuro da mineração, as parcerias com startups
e os investimentos voltados a minerais estratégi-
cos, como níquel e cobre, essenciais para a tran-
sição energética global.
Uma conversa que oferece um panorama
abrangente sobre como a Vale está redese-
nhando sua atuação para liderar a mineração
do futuro. Confira!
Mineração & Sustentabilidade – O descomis-
sionamento de barragens a montante tem
sido um dos principais desafios das empresas
de mineração atuantes no país. Quais são as
maiores complexidades quanto à descaracte-
rização das estruturas da Vale?
Rafael Bittar – A descaracterização das barragens
a montante, além de ser uma exigência legal, é um
compromisso prioritário para a Vale desde 2019.
Devido à complexidade de algumas estruturas, a
empresa começou a procurar tecnologias que per-
mitissem o acesso remoto para que as obras fos-
sem realizadas com a segurança em primeiro lugar.
O desenvolvimento dessas tecnologias foi feito
em parceria com fornecedores, e chegar a esse
modelo de trabalho, com a implementação de
uma série de inovações tecnológicas, foi um
avanço fundamental para reduzir a exposição
ao risco das nossas equipes e fazer obras cada
vez mais seguras com relação ao meio ambiente
e com um nível de inovação que até então não
existia na indústria.
M&S – Quais inovações têm se destacado nes-
se processo?
RB – A partir da tecnologia desenvolvida junto
aos fornecedores, nós criamos um ambiente –
o Centro de Operações Remotas, em Belo Ho-
rizonte – onde os profissionais são treinados e
capacitados para operar e controlar os equipa-
mentos à distância. Então algumas das nossas
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Revista Mineração & Sustentabilidade | Julho e Agosto de 2025
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