Revista Mineração | Edição 60

Setembro e Outubro de 2025

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

revistamineracao.com.br

Edição 60 . Ano 14

Setembro e Outubro de 2025

Exposibram 2025

Salvador volta a sediar

maior evento de

mineração do país

Entrevista

Henrique Carballal

e os novos desafios

da CBPM

Especial

A cultura de inovação como poderosa ferramenta no

enfrentamento dos gargalos que desafiam o setor minerário brasileiro

INOVAÇÃO

ESTRATÉGICA

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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CLIQUE

COP30:

MINERAÇÃO

NA AMAZÔNIA

Os impactos ambientais da

mineração na Amazônia

serão temas de debate na

COP30, que acontece no

próximo mês em Belém

(PA). A expectativa é de que

o evento possa fomentar

compromissos mais claros

do setor em relação à

preservação ambiental

e às comunidades locais.

Realizada pela primeira vez

na Amazônia, a COP30 é

uma oportunidade para a

mineração discutir temas da

ordem do dia e, também, se

posicionar de forma proativa,

mostrando que consegue

operar com responsabilidade

socioambiental.

Não são de responsabilidade

da revista os artigos de opinião e

conteúdos de informes publicitários.

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siderúrgico e energético, com foco

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Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

EDITORIAL

Pensar fora da caixa. Talvez não há

expressão que melhor defina a ino-

vação. No entanto, encontrar alter-

nativas arrojadas, que sejam fun-

cionais e, de igual modo, viáveis

economicamente, está longe de ser

tarefa das mais simples. Inovar de-

manda curiosidade, coragem e, so-

bretudo, propósito.

A mineração sempre foi uma ati-

vidade para a qual inovar foi algo

imperativo. A busca pelo novo, o

enfrentamento dos desafios e a

transformação de recursos naturais

em progresso são inerentes à mine-

ração desde muito tempo. Hoje, mais

do que nunca, a inovação é o motor

que move o setor e redefine o papel

da mineração no século XXI.

Vivemos um momento em que tec-

nologia e sustentabilidade cami-

nham lado a lado. É consenso que

não há outro caminho possível. Nes-

se contexto, inteligência artificial,

automação, sensores, biotecnologia,

economia circular e novos materiais

sustentam uma mineração mais pre-

cisa, limpa e conectada – capaz de

gerar valor econômico e social ao

passo que protege o meio ambiente.

Na edição que o leitor tem em mãos,

será possível ter dimensão do que a

cultura da inovação tem possibilita-

do ao setor e (por quê não dizer?) à

sociedade.

Em um amplo especial, são apresen-

tadas histórias e cases que revelam

um setor que aprendeu com o pas-

sado e que escolheu trilhar um cami-

nho de transformação. Um setor que

compreende que inovar não é ape-

nas adotar novas tecnologias, mas

repensar processos, desenvolver ta-

lentos, fortalecer parcerias, apostar

em inclusão e enxergar o impacto de

suas ações além dos limites da mina.

Um setor que prova que inovar é dia-

logar com a sociedade, incluir, edu-

car, compartilhar resultados e abrir

espaço para o futuro.

A inovação, portanto, não é apenas

um caminho possível: é o próprio

destino da mineração. Continuar a

buscar possibilidades para os desa-

fios, que mudam de natureza a todo

momento, é garantir a continuidade

de uma atividade indispensável à

vida humana e ao progresso das eco-

nomias ao redor do mundo.

Em nossa entrevista especial, o pre-

sidente da Companhia Baiana de

Produção Mineral (CBPM), Henrique

Carballal, destaca o protagonismo

do estado na nova fronteira da mi-

neração brasileira, recebendo, inclu-

sive, a edição 2025 da Exposibram,

após 30 anos. A CBPM, que deixa de

ser apenas uma empresa de pesqui-

sa para atuar também na produção,

vem atraindo investimentos e fo-

mentando a reindustrialização baia-

na. Entre os projetos em andamento

estão o ferro verde, o fosfato sem re-

jeitos e a fábrica de vidro solar. Car-

ballal ressalta o compromisso com

uma mineração sustentável e inclu-

siva, com ações sociais e ambientais

em todos os contratos e parcerias.

Uma boa leitura a todos!

Inovar para

coexistir no

mundo

Com mais de 20 anos de

experiência no jornalismo e

no mercado publicitário, é o

fundador e diretor-geral da

Revista Mineração & Susten-

tabilidade, no cenário nacional

desde 2011. Também é o

fundador e diretor da TV

Mineração, canal no Youtube

de conteúdos audiovisuais do

setor mineral e siderúrgico.

Wilian Leles

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

Entrevista | Henrique Carballal

Presidente da CBPM analisa o efervecente protagonismo da mineração baiana

SUMÁRIO

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Edição 60 . Ano 14

14

Inovação | Nexa

Adoção de bio-óleo e investimentos em pesquisa

46

Inovação | CMOC

Operação mais produtiva e sustentável

58

Inovação | Mining Hub

Cases que vêm transformando a mineração

68

Inovação | AngloGold Ashanti

Investimentos em eficiência e segurança

50

Inovação | ArcelorMIttal

Ecossistema para transformar e reduzir impactos

62

Inovação | Cetem

Pesquisas e desenvolvimentos que transformam

74

8 Panorama

12 Exposibram

14 Entrevista

18 Artigo Ibram

24 Informe

28 Especial

30 Especial

34 Especial

40 Especial

46 Especial

50 Especial

58 Especial

62 Especial

68 Especial

72 Informe

74 Artigo Cetem

78 Artigo Adimb

80 Artigo Direito

Beatriz Araújo | CBPM

Inovação:

Galvani

Projeto Irecê

contempla o

primeiro calcinador

de fosfato do país

Inovação:

Vale

Megaestrutura

em busca de

mais segurança e

sustentabilidade

Inovação:

Samarco

Descarbonização

e segurança, além

de eficiência

operacional

30

34

40

Divulgação | Galvani

Divulgação | Vale

Nitro Histórias Visuais

Seções

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A transformação

começa

pela inclusão

“ Minha trajetória na

Anglo American tem sido

marcada por respeito e

desenvolvimento. Saber

que minha história é

reconhecida

me fortalece para

contribuir com ideias

no meu trabalho.”

Na Anglo American, cada trajetória impulsiona o futuro que queremos. A de Daniela Monteiro,

por exemplo, mostra que, quando nos sentimos pertencentes, o trabalho ganha sentido e

transforma realidades. Nosso propósito de reimaginar a mineração para melhorar a vida das

pessoas se concretiza com respeito, segurança, inclusão e cuidado com quem escreve essa

história com a gente. O futuro que queremos começa com quem constrói o presente.

Daniela Monteiro

Analista de reassentamento

Acesse o QR code ao lado e confira por que a Anglo American

acredita que diferentes histórias e culturas geram ideias

mais transformadoras.

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Negócios

GRUPO WEIR

ADQUIRE FAST2MINE

PANORAMA

Divulgação | Fast2Mine

VALE ALCANÇA 60% DO

PROGRAMA DE DESCARACTERIZAÇÃO

Barragens

A Vale completou 60% de seu Programa de Descaracterização com a

conclusão da obra de eliminação da barragem Grupo, localizada na

Mina Fábrica, em Ouro Preto (MG), somando 18 estruturas a montante

eliminadas. Segundo informou a empresa, foram removidos cerca de

2,5 milhões de m³ de rejeitos do reservatório, incluindo os alteamentos

e o maciço principal. Agora, a área passará por atividades complemen-

tares, como a reconformação do terreno, implantação de sistema de

drenagem e recuperação ambiental.

A barragem Grupo é a terceira estrutura a montante eliminada no Com-

plexo Fábrica. As barragens Forquilha I, II e III estão em fase preparató-

ria, com início das obras previsto para 2026.

VALE RECEBE AVAL DO CADE

PARA ARRENDAR JAZIDA PARA CEDRO

Em setembro, o grupo internacional Weir anunciou a aquisição da

Fast2Mine, empresa brasileira especializada em softwares para mine-

ração. Fundada em Belo Horizonte, a Fast2Mine é reconhecida pelo

sistema de gestão de frota Mining Control (FMS) e soluções de gestão

de mina (MMS). Atualmente, a empresa fundada por Eder Griebeler (à

esquerda na foto), atende mais de 80 operações em nove países, in-

cluindo Brasil, Chile, Argentina, México, Guiana, Libéria, Austrália, Esta-

dos Unidos e África do Sul. O sistema Mining Control gerencia mais de

6 mil ativos e conecta diariamente mais de 20 mil usuários, apoiando

grandes mineradoras globais como Kinross, Norsk Hydro, Equinox, Al-

coa, Ero Copper, Ravenswood Gold e Aura Minerals.

O arrendamento de jazida da Vale para operação da Cedro Mineração em Mariana (MG) está autorizado pelo Conselho

Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sem restrições. A decisão foi divulgada na edição do Diário Oficial da

União em meados de setembro. Com o aval, a Cedro poderá explorar a área arrendada e, consequentemente, expandir

as operações em áreas limítrofes, localizadas entre os direitos minerários das duas empresas. Segundo o documento

apresentado ao Cade, o arrendamento tem o “intuito do melhor aproveitamento econômico das reservas de ambas as

partes”. As mineradoras defenderam ainda que a operação, envolvendo jazidas localizadas em Minas Gerais, não provoca

concentração comercial, “não sendo capaz de gerar quaisquer preocupações concorrenciais”. Atualmente, a produção da

Mina Cedro Mariana é de aproximadamente 3 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, com planejamento de

expansão da capacidade para 10 milhões de toneladas anuais.

Parceria

Divulgação | Vale

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Níquel

VALE INAUGURA

FORNO 2 DE ONÇA PUMA

Divulgação | Vale

O segundo forno de processamento de níquel da Vale Me-

tais Básicos no Complexo Mineral Onça Puma, no Pará, ini-

ciou as operações no dia 30 de setembro, adicionando 15

mil toneladas (ktpa) à capacidade anual de níquel, elevando

a operação a uma capacidade de produção nominal de 40

ktpa. Segundo a empresa, o projeto foi concluído dentro do

cronograma e quase 13% abaixo do orçamento. Além disso,

não houve registro de acidentes com afastamento ao longo

do projeto de três anos.

O projeto Forno 2 gerou 2.500 empregos durante a fase de

construção, e sua conclusão posiciona Onça Puma na metade

inferior da curva global de custo do níquel. Ainda segundo a

Vale, com mais de 1.800 empregados permanentes e contrata-

dos, o Complexo Onça Puma é um importante polo de geração

de emprego e renda no Pará e contribui significativamente para

o desenvolvimento socioeconômico da região.

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Parceria

ANGLO AMERICAN

E CODELCO ASSINAM ACORDO

PANORAMA

Divulgação | Anglo American

BARRAGEM DA VALE

DEIXA NÍVEL DE EMERGÊNCIA

Barragens

A Barragem 6 da Mina de Águas Claras, localizada em Nova Lima

(MG), que estava em nível de emergência 1, teve seu nível encerrado

pela Agência Nacional de Mineração (ANM). A retirada de nível foi

possível após a conclusão da obra de reforço, necessária para via-

bilizar a descaracterização da barragem, que está em andamento.

Além disso, segundo a Vale, foram feitas inspeções, análises téc-

nicas e validações conduzidas por equipes de engenharia espe-

cializadas, responsáveis pela Revisão Periódica de Segurança de

Barragens (RPSB) e pelo Relatório de Inspeção de Segurança Regu-

lar (RISR), que atestaram que a estrutura atende plenamente aos

critérios de estabilidade e segurança.

ANGLO AMERICAN IMPLEMENTA CENTRO

DE OPERAÇÕES REMOTAS NO MINAS-RIO

A Anglo American e a estatal de cobre chilena Codelco assinaram

um acordo para desenvolver minas adjacentes nas proximidades de

Santiago, no Chile. A estratégia busca aumentar a produção de co-

bre sem necessidade de grandes investimentos. A resolução prevê a

soma da produção das minas de Los Bronces e Andina, o que resulta-

ria na extração de mais 120 mil toneladas por ano e pelo menos US$

5 bilhões, conforme estimativa das empresas. A parceria entre Anglo

American e Codelco foi aprovado pelas diretorias de ambas as em-

presas. A assinatura do acordo acontece após o anúncio da fusão da

Anglo com a canadense Teck para formar o grupo Anglo Teck, com

o objetivo de aprimorar a qualidade do portfólio.

O Sistema Minas-Rio agora conta com o Centro de Operações Remotas (COR), um espaço que centraliza a operação e o moni-

toramento de equipamentos de mina. Segundo a Anglo American, inicialmente o COR comandará, de forma remota, a opera-

ção de tratores de esteira teleoperados e perfuratrizes autônomas, com planos para incorporar outros equipamentos no futuro.

A companhia investiu cerca de R$ 7 milhões no centro de alta tecnologia para oferecer mais segurança ao ambiente opera-

cional, impulsionar a inovação por meio da automação, e promover a integração em um único local para garantir sinergia

entre as equipes. A mudança promove ainda capacitação profissional, favorecendo novas competências para a operação

remota. Além disso, o COR abre portas para a inclusão, criando oportunidades para que pessoas com mobilidade reduzida

possam desempenhar funções que antes exigiam deslocamento a locais de difícil acesso.

Segurança

Divulgação | Vale

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Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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EVENTO

EXPOSIBRAM 2025

EXPOSIBRAM RETORNA A SALVADOR

E PROJETA NOVA FRONTEIRA

MINERAL NO NORDESTE

S

alvador se prepara para rece-

ber, entre os dias 27 e 30 de

outubro de 2025, a Exposição

e Congresso Brasileiro de Mineração

(Exposibram), organizada pelo Instituto

Brasileiro de Mineração (IBRAM). O even-

to, considerado o maior da mineração na

América Latina, retorna ao Nordeste após

duas décadas, com foco na abertura de

uma nova fronteira mineral na região.

O governo baiano tem expectativa de

participação de mais de 30 mil visitan-

tes, entre empresários, autoridades,

investidores e pesquisadores. Para o

secretário de Turismo, Maurício Bacelar,

será o maior evento de turismo corpo-

rativo já realizado no estado. Hotéis,

restaurantes, comércio e serviços locais

devem ser impactados positivamente.

NEGÓCIOS E INOVAÇÃO

NO CENTRO DO DEBATE

O IBRAM destaca que a feira oferecerá

rodadas de negócios entre mineradoras,

fornecedores nacionais e internacionais,

criando oportunidades de parcerias es-

tratégicas. Além disso, expositores terão

espaço para apresentar marcas e solu-

ções em áreas internas e externas, forta-

lecendo sua visibilidade em um merca-

do altamente segmentado.

Para o congresso, estão previstas ses-

sões magnas e painéis simultâneos

sobre temas centrais para o setor: sus-

tentabilidade, transição energética,

transformação digital, regulação e ino-

vação. O objetivo é discutir como a mi-

neração pode se alinhar às demandas

globais e contribuir para o desenvolvi-

mento socioeconômico.

IMPACTO REGIONAL E LEGADO

De acordo com o governo baiano, a Ex-

posibram representa não apenas a chan-

ce de movimentar a economia local, mas

também de consolidar o estado como

um dos protagonistas da mineração na-

cional. O evento reforça a aposta em mi-

nerais estratégicos, cada vez mais valori-

zados em função da transição energética

e das cadeias tecnológicas globais.

Com um público recorde, grandes no-

mes do setor e um olhar voltado para

o futuro, a Exposibram 2025 promete

deixar legado duradouro para Salvador

e para toda a cadeia mineral brasileira.

Governo da Bahia espera receber 30 mil visitantes em um dos

maiores eventos da mineração na América Latina

Da Redação

EXPOSIBRAM 2025

Data: 27 a 30 de outubro

Local: Centro de Convenções

Salvador – Av. Octávio

Mangabeira, 5.490 – Boca do Rio

– Salvador – BA

Mais informações e inscrições em

exposibram2025.ibram.org.br

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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“Uma mineração inclusiva,

sustentável e inovadora”

ENTREVISTA

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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HENRIQUE CARBALLAL

Beatriz Araújo | CBPM

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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À

s vésperas de sediar a edição

2025 da Exposibram, maior

evento do setor mineral da

América Latina, a Bahia se consolida

como um dos protagonistas da mine-

ração brasileira e chega ao evento em

posição de destaque. O estado abriga

algumas das maiores reservas de mine-

rais raros do país e vive um momento

de forte expansão no setor – com in-

vestimentos bilionários previstos para

os próximos anos e foco em minerais

estratégicos para a transição energéti-

ca, como níquel, cobre, cobalto, ferro,

titânio, vanádio, grafita e terras raras.

Esse movimento vem acompanhado de

avanços tecnológicos voltados à produ-

ção mais limpa e sustentável, e também

de mudanças legislativas, reforçando o

Mineração & Sustentabilidade – O

senhor está no comando da CBPM

desde 2023. Como classifica essa

trajetória até aqui?

Henrique Carballal – A mineração é

uma das atividades econômicas mais

antigas. Os estados tinham grande

participação no fomento da ativida-

de em si. No entanto, com o passar

do tempo e a consolidação de gran-

des empreendimentos, esse apoio foi

sendo gradualmente reduzido. Mui-

tas empresas estaduais de mineração

foram extintas, o que não ocorreu

com a CBPM, que tinha contratos de

recebimento de royalties, fruto das

pesquisas feitas anteriormente e o

que garantia autonomia financeira

Valquiria Lopes

Presidente da CBPM detalha iniciativas que tendem

a posicionar Companhia na liderança da extração

de minerais estratégicos e críticos na Bahia

papel da mineração como vetor de de-

senvolvimento econômico e social.

Em entrevista exclusiva, o presidente

da Companhia Baiana de Produção

Mineral (CBPM), Henrique Carballal,

destaca a força do setor no estado, que

ocupa o posto de terceiro maior produ-

tor mineral do Brasil e líder no Nordeste,

além de ser o único estado produtor

de vanádio e urânio e de liderar a pro-

dução de outros minérios de grande

importância para a indústria nacional.

O presidente também comemora a re-

cente mudança na legislação que trans-

formou a antiga Companhia Baiana de

Pesquisa Mineral em Companhia Baia-

na de Produção Mineral, aprovada

pela Assembleia Legislativa da Bahia.

A alteração, segundo ele, marca uma

nova era para a empresa estatal, que

passa a atuar não apenas na pesqui-

sa, mas também na produção e no fo-

mento direto da atividade minerária.

Na prática, o presidente explica que

a CBPM passa a atuar como locomo-

tiva do desenvolvimento econômico

e sustentável da Bahia, mostrando-se

essencial para a geração de empre-

gos, renda e arrecadação, contribuin-

do para uma cadeia produtiva cada

vez mais diversificada e moderna. É

nesse cenário de otimismo que a Ex-

posibram chega à Bahia, com uma

agenda de debates, exposições e pro-

gramação cultural intensa, entre os

dias 27 e 30 de outubro, marcando um

momento histórico para o estado.

para custear pessoal e operações.

Quando cheguei para assumir a

CBPM, o governador Jerônimo Ro-

drigues me deu o desafio de renovar

a Companhia e posicioná-la como

locomotiva do desenvolvimento mi-

neral. Deixamos de ser apenas uma

empresa de pesquisa e nos tornamos

uma Companhia de produção mine-

ral com foco no fomento, articulação

e desenvolvimento da mineração,

atraindo investimentos também para

o processamento dos minerais e nos

tornando autores de um processo de

reindustrialização da Bahia.

Investimos R$ 55 milhões em pesqui-

sa em 2023. Hoje, a CBPM é a empre-

sa brasileira com o maior investimen-

to em pesquisa mineral e uma das

que têm maior credibilidade no país.

Mantemos a segunda maior litoteca

do Brasil, ficando atrás apenas da

Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais (CPRM), o Serviço Geológico

Nacional. Esse acervo representa um

imenso patrimônio de conhecimento

geológico acumulado, que reforça o

protagonismo da Bahia no desenvol-

vimento do setor mineral.

Além disso, ampliamos nossa atuação,

que se expandiu para além da Bahia.

Hoje estamos também em outros es-

tados, como o Piauí, consolidando

nossa presença nacional, além de ter-

mos diversos projetos em andamento.

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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ENTREVISTA

HENRIQUE CARBALLAL

M&S – A Assembleia Legislativa

da Bahia aprovou a mudança do

nome da CBPM, de “Pesquisa Mi-

neral” para “Produção Mineral”. O

que essa alteração representa?

HC – Nós mudamos a mentalidade:

deixamos de ser apenas uma Com-

panhia de pesquisa e passamos a ser

também uma empresa de produção

mineral. Essa mudança se refletiu no

próprio nome, que passou de Com-

panhia Baiana de Pesquisa Mineral

para Companhia Baiana de Produ-

ção Mineral.

Agora, a CBPM ganha novas possibi-

lidades de atuação. A estatal passa

a tratar os direitos minerais como

ativos econômicos, podendo anteci-

par royalties, associar-se à iniciativa

privada e monetizar diretamente os

recursos do Estado.

Se antes a empresa apenas entregava

áreas à exploração por outras minera-

doras; agora pode participar da cadeia

produtiva, reter parte do valor gerado

e transformar esses direitos em instru-

mentos financeiros modernos.

Essa mudança representa uma vi-

rada de chave na macroeconomia

baiana. A CBPM deixa de ser apenas

uma empresa de pesquisa e se con-

solida como um agente de produ-

ção, investimento e fomento, com

capacidade de gerar receitas, atrair

capital e impulsionar novos negó-

cios. Trata-se de uma revolução no

papel do Estado na mineração, repo-

sicionando a Bahia como protago-

nista de um modelo econômico mais

dinâmico, inovador e sustentável.

M&S – Quais projetos estratégi-

cos já estão em andamento nessa

nova fase?

HC – Temos vários. Para o fosfato, va-

mos produzir fertilizantes sem gerar

rejeitos, com água 100% reaprovei-

tada, garantindo 30% da demanda

do Nordeste já a partir de 2026. Em

é assinado sem prever contrapartidas

sociais e ambientais. Já destinamos

recursos imediatos para infraes-

trutura, saneamento e cultura em

municípios parceiros. Também es-

tamos qualificando garimpeiros,

formalizando cooperativas e garan-

tindo respeito às mulheres, proibin-

do práticas nocivas como explora-

ção infantil e uso de químicos que

degradam o meio ambiente. Para

nós, não existe sustentabilidade

sem inclusão.

M&S – E no caso dos minerais críti-

cos e estratégicos, tão importantes

para a transição energética, como

a Bahia está se posicionando?

HC – A Bahia é hoje o primeiro esta-

do brasileiro em diversidade mineral.

Em termos de produção, estamos

logo atrás de Minas Gerais e do Pará,

mas nenhum outro estado possui ta-

manha variedade e qualidade de mi-

nerais, especialmente aqueles con-

siderados críticos para a transição

energética, como níquel, cobre, co-

balto, ferro, titânio, vanádio, grafita

e terras raras. Nossos depósitos têm

altos teores e grande potencial eco-

nômico, o que nos coloca em posição

estratégica neste momento em que o

mundo busca soluções sustentáveis

diante da emergência climática.

Estamos evoluindo rapidamente na

extração desses minerais, aprovei-

tando o contexto global da transição

energética. Recentemente, o presi-

dente Luiz Inácio Lula da Silva esteve

na Bahia para inaugurar a fábrica da

BYD, um passo importante na cadeia

da eletromobilidade. E nós já estamos

nos preparando para o futuro: se essas

montadoras precisarem de insumos

minerais para a produção de bate-

rias, a Bahia terá condições de forne-

cer matéria-prima de baixo carbono.

No futuro, as pessoas não vão querer

apenas um carro elétrico — vão que-

rer um carro elétrico produzido com

insumos que não gerem emissões du-

rante seu processo de fabricação.

Belmonte, com uma empresa cana-

dense, instalaremos uma fábrica de

vidro solar de altíssima pureza, mo-

vida a gás natural da Bahiagás, com

baixo carbono. Também estamos

desenvolvendo, junto a parceiros in-

gleses, um projeto de Ferro Brique-

tado a Quente (HBI), fundamental

para a transição energética. Além

disso, estamos criando a Companhia

Baiana de Investimento e Desenvol-

vimento Mineral, para transformar

direitos minerais em ativos e acele-

rar negócios.

A CBPM deixa

de ser apenas

uma empresa

de pesquisa e se

consolida como um

agente de produção,

investimento e

fomento, com

capacidade de

gerar receitas,

atrair capital e

impulsionar novos

negócios.

M&S – O senhor tem destacado o

compromisso da CBPM com uma

mineração sustentável e inclusi-

va. O que isso significa na prática?

HC – Significa que nenhum contrato

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

17

Por isso, estamos desenvolvendo

projetos como o de ferro verde

(HBI), que busca garantir uma pro-

dução industrial com menor emis-

são de carbono. Temos áreas com

terras raras e outros minerais de

altíssimo teor, prontas para explo-

ração responsável.

Ao todo, são 64 áreas de terras raras

sob gestão da CBPM, com grande

potencial de aproveitamento. Esta-

mos criando as condições políticas,

econômicas e estruturais para que a

Bahia lidere o novo ciclo da minera-

ção verde no Brasil, transformando o

que está no nosso subsolo em pros-

peridade, tecnologia e desenvolvi-

mento sustentável.

Beatriz Araújo | CBPM

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

17

Estamos criando as

condições políticas,

econômicas e

estruturais para

que a Bahia

lidere o novo ciclo

da mineração

verde no Brasil,

transformando

o que está no

nosso subsolo

em prosperidade,

tecnologia e

desenvolvimento

sustentável.

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

18

M&S – O senhor mencionou ino-

vação em instrumentos financei-

ros. Pode detalhar?

HC – Sim. Estamos trabalhando na

criação de uma criptomoeda lastre-

ada em ouro e outros minerais, com

credibilidade de uma empresa es-

tatal. Isso significa transformar a ri-

queza mineral em ativos financeiros

modernos, mudando a macroecono-

mia da Bahia.

M&S – A Bahia volta a sediar a

Exposibram após 30 anos. Qual a

importância desse evento?

HC – A Exposibram será a vitrine

para mostrar o quanto a mineração

baiana evoluiu. Preparamos muitas

novidades para receber os visitantes.

Teremos um estande inovador, dinâ-

mico e interativo, que será também

um espaço de aproximação entre a

mineração e a sociedade. Queremos

mostrar, de forma acessível e atrativa,

como a mineração está presente em

tudo no nosso dia a dia — e reforçar

que a Bahia é referência não apenas

em pesquisa e produção mineral,

mas também em uma mineração sus-

ENTREVISTA

HENRIQUE CARBALLAL

tentável e inclusiva, que gera benefí-

cios concretos para a população.

Este ano, vamos apresentar três

grandes novidades que demonstram

nosso compromisso com a inovação

e a transparência: a Litoteca Digital

da CBPM, que disponibiliza online o

acervo geológico da Bahia; o Minera

Bahia, portal que centraliza informa-

ções e dados de pesquisa mineral,

promovendo transparência e desen-

volvimento do setor; e o Hub de Mi-

neração, que fortalece a integração

entre ciência, tecnologia e mercado,

estimulando soluções sustentáveis e

de alto valor agregado.

Outro destaque será o projeto Ga-

rimpo Legal, criado pela CBPM para

qualificar, formalizar e fortalecer a

atividade garimpeira na Bahia, garan-

tindo condições dignas de trabalho,

segurança jurídica e práticas ambien-

talmente responsáveis. E, de forma

inédita, teremos a abertura da Bolsa

de Valores de Toronto (TSX) dentro da

Exposibram, no dia 28 de outubro —

uma iniciativa da CBPM que projeta

internacionalmente o setor mineral

baiano e coloca a Bahia no centro das

atenções globais, reafirmando nosso

potencial de atrair investimentos e

consolidar parcerias estratégicas.

M&S – Como o senhor resume a

visão da CBPM para os próximos

anos?

HC – Queremos reindustrializar a

Bahia a partir da mineração. Não

apenas extrair minério, mas atrair in-

dústrias, gerar valor agregado, criar

empregos e garantir desenvolvi-

mento social. Uma mineração inclu-

siva, sustentável e inovadora, que

faça da Bahia protagonista no setor

mineral brasileiro e mundial.

Estamos trabalhando para integrar

todas as pontas da cadeia mineral,

conectando governo, iniciativa pri-

vada, setor financeiro, academia e

sociedade, com o objetivo de pro-

mover um desenvolvimento econô-

mico vertical na Bahia. A mineração

precisa gerar valor não apenas na

extração, mas também na industria-

lização, inovação e qualificação de

mão de obra, garantindo que a ri-

queza mineral se converta em pros-

peridade para o nosso povo.

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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Divulgação | CBPM

CBPM aposta em um

modelo de mineração

sustentável e inclusiva

para Estado da Bahia

Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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Revista Mineração & Sustentabilidade | Setembro e Outubro de 2025

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ARTIGO

IBRAM

A

mineração brasileira é pilar

econômico e peça central da

transição energética ao asse-

gurar minerais críticos e estratégicos.

Ao combinar eficiência produtiva,

geração de receitas e compromissos

socioambientais, o setor aproxima

indústria e sociedade e reforça sua

contribuição para descarbonização,

inovação e desenvolvimento.

A inovação integra a estratégia de

consolidar-se um arranjo colabora-

tivo. Inovações incrementais susten-

tam melhorias contínuas e iniciati-

vas disruptivas abrem fronteiras. A

inovação aberta articula minerado-

ras e outros atores para acelerar so-

luções com investimentos e ênfase

socioambiental.

A adoção tecnológica gera ganhos

em produtividade, segurança e sus-

tentabilidade. Automação e robótica;

inteligência artificial e visão computa-

cional. Avançam soluções que evitam

barragens de rejeitos, aplicam micro-

-ondas para segregação mineral e de-

senvolvem captura de carbono.

O Mining Hub integra mineradoras,

fornecedores, startups, academia, in-

vestidores e governo. Seus programas

organizam a jornada da prova de

conceito à escala e à inovação social.

A agenda de descarbonização avan-

ça com roadmap e plano de ação. O

Corporate Venture Capital direciona

capital a soluções requeridas pelas

empresas; instrumentos públicos de

fomento reduzem riscos e ampliam a

base tecnológica, ajudando a superar

gargalos de escalabilidade.

Os desafios centrais residem na cul-

tura organizacional e na gestão da

mudança. O avanço depende de lide-

ranças e equipes preparadas, de es-

truturas dedicadas e de mecanismos

de contratação que aproximem em-

presas e startups com foco em proble-

mas reais e propostas de valor madu-

ras. A cooperação horizontal e vertical

na cadeia gera resultados.

A inovação também é vetor de sus-

tentabilidade e desenvolvimento

territorial. Em operações muitas ve-

zes remotas, a mineração compar-

tilha infraestrutura com comunida-

des, melhora a eficiência no uso de

recursos e adota práticas de econo-

mia circular. Ganha escala o reapro-

veitamento de rejeitos: pavimenta-

ção, construção, remineralizadores e

corretivos agrícolas.

O setor transita de um foco em oti-

mização para um ecossistema cola-

borativo orientado por desafios e

sustentado por tecnologias habili-

tadoras. Para realizar esse potencial,

será necessário intensificar a coope-

ração com fornecedores, academia

e centros de pesquisa, enfrentar

a queda de teores e o aumento da

movimentação de estéril associa-

dos à transição energética e acelerar

novos processos de concentração e

refino para minerais críticos e estra-

tégicos. Com liderança, cultura de

experimentação e redes robustas de

colaboração, a inovação estratégica

seguirá orientando um futuro mais

eficiente, seguro e alinhado às de-

mandas da sociedade.

Inovação estratégica na mineração:

desvendando o ecossistema,

os desafios e as oportunidades

para um futuro sustentável

Julio Cesar Nery Ferreira | Diretor de Assuntos Minerários do IBRAM

Cinthia de Paiva Rodrigues | Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRAM

Leandro Rossi | Diretor Executivo do Mining Hub

Elis Santana | Coordenadora de Inovação do Mining Hub

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